Arrancadas que superam a velocidade de 30 km/h e combinações de passes insinuantes colocam Vinicius Jr. em um patamar de protagonista da Seleção Brasileira que disputa a Copa do Mundo no Catar. Antes dela, no entanto, sua vaga no time de Tite ao longo das Eliminatórias não era garantida, muito menos nas Copas Américas de 2019 e 2021.
Seu rótulo de coadjuvante do time nacional desafiava quem acompanha o desempenho dele no Real Madrid, decidindo Champions League e sendo principal parceiro do melhor do mundo Benzema no ataque. A própria patrocinadora de material esportivo não incluiu Vinicius no tradicional vídeo publicitário que lança antes da Copa, causando descontentamento do atleta. A resposta veio dentro de campo, alcançando a média de uma participação em gol a cada 39 minutos em campo no Mundial — seis participações em 238 minutos.
A primeira aparição de Vini Jr. com a amarelinha foi durante 16 minutos do segundo tempo de um amistoso contra o Peru, em outubro de 2019, com derrota brasileira. De lá para cá, a única outra derrota com ele em campo foi a final da Copa América, para a Argentina, na qual ele também não foi titular. Desde que ganhou de Tite a chance de iniciar as partidas, novamente contra a Argentina, dessa vez pelas Eliminatórias, em novembro de 2021, são dois empates e 9 vitórias, incluindo as três mais recentes no Catar.
Dos 7 gols brasileiros feitos nas quatro partidas da Copa do Mundo, seis tiveram alguma participação de Vini Jr. — sendo duas assistências diretas e um gol marcado por ele.
Para o comentarista do SporTV Sérgio Xavier, Vini não é o protagonista absoluto da seleção. Ele divide a responsabilidade pela boa campanha dos comandados por Tite com Richarlison e Casemiro, além de projetar uma evolução do camisa 10 na reta final do torneio.
— São decisivos, estão fazendo uma ótima Copa, assim como o Vinícius. Vejo uma divisão muito equilibrada entre estes três talentos. Além, claro, do Neymar, que ainda não estreou direito — analisa o jornalista.
A divisão do protagonismo também é lembrada por Paulo Vinícius Coelho, o PVC. O comentarista recupera as parcerias entre Pelé, Didi e Garrincha na Copa vencida em 1958, Garrincha, Didi e Amarildo na de 1962, Jairzinho, Pelé, Tostão e Rivelino em 1970, Romário e Bebeto em 1994 e Rivaldo, Ronaldo e Ronaldinho, em 2002, para dizer que o Brasil nunca conquistou a Copa tendo um único protagonista absoluto.
— Em 2022 as estrelas são Neymar e Vini — projeta.
Os gols com Vini
O primeiro gol do Brasil no Catar começou com uma jogada de Neymar, que atraiu a marcação, e deixou espaço para Vini Jr. finalizar. O goleiro deu rebote e Richarlison guardou. Também foi do pombo a finalização da primeira assistência consciente dada pelo camisa número 20, com passe encontrando o centroavante no meio da área e um voleio para consolidar os 2 a 0 sobre a Sérvia.
No segundo jogo, contra a Suíça, Vini balançou as redes, porém teve o lance anulado porque Richarlison participou da jogada estando em impedimento visto pelo VAR. Já na reta final da partida, foi de Vini a jogada pela esquerda que encontrou Rodrygo em condição de executar um rápido toque para Casemiro dentro da área. A triangulação de quem se conhecia dos tempos de Real Madrid resultou no gol da vitória e classificação antecipada para as oitavas.
Dos pés dele que veio o primeiro gol da goleada sobre a Coreia do Sul, logo aos 6 minutos. Quatro minutos depois, Vini tenta passe para Richarlison, que divide com o zagueiro e sofre pênalti. Neymar converte e amplia o placar. O terceiro é o único gol que não tem participação direta do camisa 20. Já no quarto e último, é de Vini o cruzamento que encontra o ex-parceiro de base no Flamengo, Lucas Paquetá, que encerra a goleada.
Números de Vinicius Jr. na Seleção
19 jogos
14 vitórias
3 empates
2 derrotas
Números na Copa do Mundo
3 jogos
3 vitórias
1 gol marcado
2 assistências
39 minutos para participar de cada um dos 6 gols que esteve envolvido na jogada