Como o arranjo de um tango que começa lento e cresce uns acordes mais adiante, a Argentina sobrevive. E agora está a ponto de se classificar. A vitória sobre o México por 2 a 0 permite que Messi cumpra seu maior objetivo esportivo. Contra a Polônia, uma vitória poderá deixá-la inclusive em primeiro lugar do grupo.
E quanto foi importante Messi. Em um jogo duro, apertado, travado, foi o camisa 10 quem achou o gol decisivo. Enzo Fernández, no final, apenas sacramentou o placar. A festa dos argentinos no Catar foi quase nada comparada à vista no bairro Las Heras, no sul de Rosario. Parte da vizinhança onde nasceu se reuniu em uma fan fest montada em frente ao prédio que serve como Museu do Atleta Rosarino para torcer por seu filho ilustre.
Tinha um sol para cada um dos bravos torcedores que encararam o calorão que fez na tarde deste sábado. A saída foi se posicionar nos trechos onde a sombra batia.
O problema é que o primeiro tempo não empolgou. A falta de criatividade do time fazia todos pensarem em uma forma de amenizar a temperatura. No intervalo do jogo, o torcedor Cristian Barbieri vaticinou:
— Scaloni precisa mexer. Colocar jogadores que abram espaço para Messi. Quando ele pega a bola, sempre tem quatro ou cinco na volta.
Pois exatamente quando havia feito as trocas, Messi achou os espaços para abrir o placar. Em meio a gritos, saltos e abraços, Cristian comemorava:
— Avisei! Avisei! Faltava exatamente alguém abrir espaço para ele.
Claro que o 1 a 0 se manteve perigoso, o empate seria ruim. Mas o segundo gol liquidou tudo. Foi a senha para o bairro cujas paredes são pintadas em alusão ao craque explodisse em felicidade.
Messi joga por ele, por sua família e por suas origens. Na terra de Che Guevara e Fito Paez, é o herói contemporâneo que mantém vivo o sonho de uma geração. A Argentina está viva, Rosario está deslumbrada.