Todo o planeta estava com olhos voltados para a estreia do Brasil. A única seleção desta Copa capaz de conquistar o Hexacampeonato. Pela Fifa Fan Festival, havia brasileiros por todos os lados. Me aproximava de um, de outro e já perguntava:
— Oi! Tu é de onde?
As pessoas me olhavam com cara de quem não entendia. Repeti a pergunta em inglês e a resposta foi:
— Sou da Índia, mas estou torcendo para o Brasil.
Na segunda tentativa, mais um estrangeiro insuspeito:
— Eu sou sérvio. Torço para o Brasil porque meu irmão mais velho tinha um pôster gigante do pentacampeão Roberto Carlos. Ele era meu grande herói.
Havia admiração e paixão naquela resposta. E havia reconhecimento. Ao passado. E ao presente.
Um saudita, com a camisa dividida (metade Brasil, metade Arábia), acrescentou:
— O Brasil só tem bons jogadores. É incrível ver o Neymar jogar.
Adultos, crianças, adolescentes. Não tinha idade certa. Todos queriam ser um pouquinho torcedores do Brasil. Quando apontei a câmera para uma colombiana enrolada na bandeira do Brasil, ela gritou:
— Brasil e Colômbia, irmãos latino-americanos juntos!
Esse era o clima no dia do primeiro jogo do Brasil. Bonito demais ver os gringos encantados com a nossa seleção. O árabe, com seu ghutra na cabeça — um chapéu muito usado no Oriente Médio — trocou o branco pelas cores do Brasil. Eles estavam felizes em vestir azul, verde e amarelo.
A extensão das arquibancadas
Eu estava decidida: queria encontrar brasileiros na Fan Fest. Pensei: não é possível que eu não vá achar nenhum aqui. Aqueles que não conseguiram ingresso para esse jogo vão vir para cá.
Insisti. Tentei mais um pouco, afinal, pernas, pra que te quero? Eis que me aproximo de um grupo de quatro pessoas e tento mais uma vez:
— Oi, vocês são brasileiros?
— Siiiiim! Sou do Rio de Janeiro — me respondeu Larissa.
Quatro brasileiros no meio de uma multidão estrangeira que apoiava o Brasil? Aí, Larissa, explicou melhor:
— Na verdade, só eu sou brasileira. Meu marido e os outros dois amigos são norte-americanos.
Todos com a camisa amarelinha. Conversei, então, com o marido de Larissa. Chris, que falava português perfeitamente, admitiu:
— Não posso torcer para uma seleção diferente da minha esposa. Seria como uma traição. Sem contar que o Brasil é muito mais forte.
Larissa imediatamente o interrompeu:
— Exato. A gente pode torcer para os Estados Unidos em outros esportes. Futebol é Brasil.
O marido sorriu. Concordou. Eles se abraçaram e foram cantar o hino do Brasil juntos. Os estrangeiros mais brasileiros do mundo estão aqui, na Copa do Mundo do Catar. E quanto mais gente torcer pela nossa seleção, melhor!