Os dois gols da Seleção Brasileira na estreia na Copa do Mundo, na quinta-feira (24), tiveram a assinatura de um columbídeo — família de aves de pequeno porte, com pescoço, bico e patas curtas. Richarlison pode até não ter essas características físicas, mas pelo segundo gol na vitória sobre a Sérvia mostrou que sabe voar. Até poderia ser daí o apelido de "Pombo", mas não é.
O camisa 9 da Seleção Brasileira adotou o apelido não faz tanto tempo. Foi em 2018, quando publicou nas redes sociais um vídeo imitando a coreografia da música chamada "Dança do Pombo", de MC Faísca e os Perseguidores, que era hit na época. A publicação viralizou e choveram pedidos para que ele fizesse a dança ao marcar seus gols — e ele cumpriu.
À época, recém havia se destacado no Watford e sido contratado pelo Everton, da Inglaterra. Foi convocado pela Seleção Brasileira pela primeira vez naquele fim de ano, após a Copa da Rússia, e foi cobrado para que fizesse a dancinha.
— Se tiver gol, vai ter a dança do pombo. Todo mundo está pedindo na internet e já prometi. A galera do elenco quer que eu dance no trote, em cima da cadeira — disse em entrevista coletiva antes dos amistosos contra Estados Unidos e El Salvador, nos dias 7 e 11 de setembro de 2018.
Desde então, Richarlison virou Pombo. Mas porque ele próprio assumiu o apelido e adotou a comemoração da dança do pombo, em que estufa o peito, dobra os braços para imitar uma ave e estica o pescoço como fazem os columbídeos. Até mesmo a onomatopeia "pruuu", que tenta imitar o som emitido pelos pombos, é adotada pelo jogador nas redes sociais.
Trajetória no futebol
Mas antes de virar Pombo, Richarlison de Andrade trilhou uma trajetória parecida com a da maioria dos jogadores de sucesso do futebol brasileiro. Começou em um projeto social de futebol em sua cidade natal, Nova Venécia, no Espírito Santo, até chegar às categorias de base do Real Noroeste, time de Águia Branca, no interior do Estado.
Foi lá onde deu os primeiros passos na carreira, antes de se transferir para o América-MG, em 2014, aos 17 anos. No clube mineiro chegou aos profissionais e estreou em 4 de julho de 2015, na vitória do Coelho sobre o Mogi Mirim, por 3 a 1, no Independência, pela Série B. Richarlison precisou de apenas 10 minutos em campo para marcar seu primeiro gol pelo clube, de cabeça.
Desde então, passou a entrar nos jogos e em seguida virou titular da equipe comandada por Givanildo Oliveira. Fez 24 partidas e marcou nove gols pelo clube até chamar atenção do Fluminense, para onde foi em 2016.
Após um ano e meio, o clube carioca acertou a transferência do atacante para o Watford, por R$ 46 milhões. Na temporada seguinte, após destaque na Premier League, foi negociado com o Everton por 39,2 milhões de euros (R$ 176,4 milhões), em julho de 2018.
Foi neste momento que chegou à Seleção Brasileira pela primeira vez, aos 21 anos. Na entrevista após a convocação, destacou que em três anos saiu do América-MG e realizou os sonhos de chegar à Premier League e à Seleção.
— Nem eu esperava que tudo acontecesse tão rápido. Mas não quero só vestir a camisa, quero buscar a titularidade — disse ele à época, em 2018.
Hoje é jogador do Tottenham, um dos seis integrante do "Bix Six", que reúne as principais potências do futebol inglês. Foi comprado pelo clube londrino por 50 milhões de libras (cerca de R$ 315 milhões) em julho deste ano, com contrato até 2027. E cumpriu o que profetizou há quatro anos: é titular da Seleção Brasileira, veste a camisa 9 e, com os dois gols marcados na estreia, é candidato a artilheiro da Copa do Mundo.