Andando pelas ruas de São Petersburgo com a camisa da Chapecoense e uma bandeira do Grêmio na mochila, Paulo Henrique de Campos, natural de Nonoai, no norte do Rio Grande do Sul, mas morador de Porto Alegre, finalmente se prepara para ver um jogo da Copa do Mundo. Ele estava há mais de um ano participando das tentativas de compra de ingressos pela internet, sem sucesso.
— Sempre que eu ia finalizar, dizia "deu erro" — conta ele.
Mesmo assim, preparou um plano de viagem e, com a esposa, chegou à Europa no dia 17 de junho, ficando uma semana em Portugal e indo para a Bélgica, onde permaneceu por mais 10 dias. Sem a garantia das entradas para jogos do Brasil, mas mantendo contatos para ver se conseguia, ainda foi à Finlândia antes de chegar à Rússia. A intenção era ter ido ao jogo da Seleção contra a Sérvia, ainda na primeira fase, mas ele não conseguiu.
— Na Bélgica, acompanhei algumas partidas. Os belgas nem se mobilizavam tanto nos dias de jogos. Não estavam nem aí para a Copa. Lá, era proibida a concentração de pessoas em locais públicos por medo de atos terroristas. Era vida normal. Jamais imaginei que eles iam nos eliminar.
Antes da chegada a São Petersburgo, ocorrida no último domingo (8), Paulo obteve uma entrada com um torcedor peruano. A mulher dele acabou voltando para o Brasil e, solitário, ele chegou ao país da Copa para ver um jogo para o qual o time de Tite não se classificou.
— Fazer o quê? Agora é curtir a festa deles e aproveitar. Na próxima, estaremos de volta, ou vamos esperar que eu possa ir com o Grêmio de novo a Abu Dhabi — lembra ele, que esteve nos Emirados Árabes em dezembro passado.