Após os jornais alemães Süddeutsche Zeitung e Bild publicarem reportagens em que jogadores da seleção russa aparecem cheirando amônia nas partidas contra Espanha e Croácia, o médico que acompanha a delegação, Eduard Bezuglov, confirmou que alguns atletas utilizaram a substância com a finalidade de melhorar o desempenho em campo.
— É um simples amoníaco com o qual as pessoas molham o algodão e depois inalam. Vários atletas fazem isso para ganharem ânimo. Isso é usado há décadas — declarou ao jornal Sport Express.
Apesar da confissão, Bezuglov reiterou que amônia não faz parte da lista de substâncias proibidas da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês).
— Você pode comprar amoníaco e algodão em qualquer farmácia. Isso não tem nada a ver com doping.
A inalação de amônia causa a dilatação dos pulmões e da cavidade nasal e aumenta o fluxo sanguíneo e a velocidade da vascularização cerebral, prática que, de acordo com o médico Eduard Bezuglov, é comum entre atletas.
— Não é usado somente no esporte, mas sim na vida cotidiana das pessoas quando alguém perde a consciência ou se sente fraco — concluiu o médico.
À Folha de S. Paulo, o especialista em doping e presidente da comissão de laboratórios da Wada entre 2005 e 2009, Luis Horta, afirmou desconhecer que a substância melhore o rendimento dos atletas.
— Eu mesmo já vi diversos halterofilistas cheirarem amoníaco antes de irem ao tablado levantar peso. Desconheço que haja aumento de rendimento esportivo. A Wada também entende assim no momento. Pode ser que depois deste caso façam alguma revisão, mas até agora nada tem de ilegal — concluiu.