Nos anos 1980 e 1990 a Fórmula 1 teve como um dos seus atrativos uma de maiores rivalidades da história da modalidade. Ayrton Senna e Alain Prost viveram uma disputa ferrenha e dividiram curva a curva vitórias e títulos. A rivalidade entre os dois é retratada na minissérie "Senna", da plataforma de streaming Netflix.
Algumas das batalhas foram históricas. Elas ajudaram a criar um clima belicoso entre o brasileiro e o francês. Abaixo, confira cinco momentos marcantes desta disputa.
Mônaco 1984 — Primeira vitória de Senna é adiada
Em sua primeira temporada na Fórmula 1, Senna mostrava que a pilotagem na chuva seria um dos pontos marcantes de sua carreira. O GP de Mônaco de 1984 começou atrasado devido à forte precipitação.
O brasileiro corria pela Toleman. Prost, pela McLaren. O francês liderava a prova, mas Senna estava rápido e fatalmente ultrapassaria o adversário para vencer pela primeira vez. Nas voltas 29 e 31, Prost pediu para que a prova fosse interrompida. A decisão da direção de prova de paralisar a corrida se deu na volta 32, quando Senna ultrapassou o francês e assumiu a primeira posição.
Porém, o regulamento prevê que em casos de interrupção da corrida, valem as posições da volta anterior, no caso a 31 em que Prost era líder. Há quem diga que a medida foi tomada para beneficiar Prost a mando de seu compatriota Jean Marie Balestre.
O resultado tirou a primeira vitória da carreira de Senna e o título de Prost. Como menos de 75% da corrida havia sido completada, foram computados metade dos pontos. Ao invés de levar os nove pontos da vitória, Prost somou 4,5. Senna, segundo lugar, ficou com três ao invés de seis.
Prost perdeu o Mundial daquele ano para Nikki Lauda por meio ponto. Tivesse a prova terminado com mais de 75% das voltas completadas e o francês em segundo lugar, ele teria conquistado o título.
Estoril 1988 — O fim da amizade
Os dois viviam em paz dividindo os boxes da McLaren até o GP de Portugal. Senna deu uma fechada no companheiro. Prost não gostou da atitude.
Os dois disputavam o título Mundial. Juntos, venceram 15 das 16 etapas da temporada. Em Estoril, Prost foi ultrapassar Senna, e o brasileiro o espremeu contra o muro. Ainda assim, o francês completou a ultrapassagem.
Prost venceu a corrida. Senna terminou em sexto.
Ímola 1989 — Senna quebra acordo
Na temporada 1989, a McLaren estabeleceu um acordo entre os seus pilotos. Eles não disputariam posições na primeira volta das corridas.
No GP de San Marino, Gerhard Berger, Ferrari, bateu forte na terceira volta. A prova foi interrompida e foi necessária uma relagarda. Prost era o Primeiro. Senna, o segundo. As posições se mantiveram depois da largada, mas ainda na primeira volta, o brasileiro realizou a ultrapassagem e venceu a corrida sem dificuldades.
Prost alegou que o brasileiros descumpriu o acordo. Senna se defendeu dizendo que o combinado não valia para relargadas.
Suzuka 1989 — O acidente mais famoso
Prost e Senna disputavam o título Mundial. Para ser campeão, Senna precisava vencer no Japão e também na Austrália, última etapa do ano.
Prost imprimiu ritmo forte e abriu vantagem. O brasileiro conseguiu encurtar a diferença. A 10 voltas do fim, tentou fazer uma ultrapassagem, retardou a freada e Prost jogou seu carro para cima da McLaren de Senna.
O francês abandonou a prova. Senna foi ajudado por fiscais, saiu pela área de escape e retornou à pista. Parou nos boxes para trocar a asa danificada. Depois, ultrapassou Alessandro Nanini, Beneton, e venceu a prova.
Porém, foi desclassificado por não ter contornado a chicane onde os dois bateram e, assim, não ter percorrido a distância total da prova. Com a eliminação de Senna, Prost conquistou o tricampeonato.
Suzuka 1990 - O troco de Senna
Os dois voltaram ao Japão para disputar o título. Desta vez, a vantagem era de Senna. O brasileiro seguia na Mclaren. Prost se transferiu para a Ferrari devido à falta de clima na equipe inglesa.
Logo na largada, Senna jogou seu carro sobre o de Prost e os dois deixaram a pista e abandonaram a prova. Senna se sagrou campeão. A vitória foi de Nelson Piquet e Roberto Pupo Moreno, ambos da Benetton, na última dobradinha brasileira na Fórmula 1.