A prática de exercícios físicos traz benefícios que vão além da boa forma. Para vestibulandos, uma vida ativa pode significar a escolha correta naquela questão cujo conteúdo foi bem estudado, mas exige uma busca pela resposta nos recantos mais isolados da memória.
Estudante de Administração aprovado em janeiro na UFRGS, Luís Ernesto Sauer (foto), 21 anos, aderiu à corrida em 2012, enquanto se preparava para o vestibular. Ele diz que a prática o ajudou a manter o ritmo nos estudos:
- O exercício mantém o preparo físico e a concentração, além de descontrair. Me ajudou bastante para aguentar o tempo das provas, que são bem cansativas.
Melhora da atividade cerebral
O professor Wilson Roberto de Mattos recomenda que os vestibulandos deem preferência a atividades aeróbicas, como corrida, natação ou bicicleta. Jogos como futebol e basquete também podem exigir esforço. Jogos como tênis, por exemplo, em que o praticante é exposto a piques de alguns segundos, não trazem o mesmo condicionamento. Mas fique atento, pois a atividade deve ser contínua, de intensidade leve a moderada.
Estado de alerta
A liberação de serotoninas, resultado do esforço físico, deixa o cérebro em alerta, o que se reflete diretamente na concentração, facilitando o estudo. Além disso, a endorfina melhora o estado emocional.
- A pessoa que pratica esporte tem mais autoestima e uma mentalidade positiva. Para quem está num combate como o vestibular, isso pode fazer diferença.
Organização do tempo
A prática esportiva exige alguma disciplina do aluno. Ele terá de deixar os livros de lado em alguns momentos da semana. De acordo com Mattos, isso evita exageros na revisão de conteúdos:
- Não ficar só focado no estudo é fundamental. Passar horas a fio diante dos livros faz com que o estudante assimile menos.
Exercícios físicos na medida certa
Vestibulandos que se exercitam têm uma grande vantagem. Professor de Educação Física, pós-graduado em treinamento esportivo, Wilson Roberto Ribas de Mattos explica que atividades como pedalar ou correr trazem benefícios à memória:
- A atividade aeróbica melhora a condição cardiovascular, o que melhora a respiração. Com mais a oxigenação, há um aumento da atividade cerebral, o que potencializa o raciocínio. A tendência é de que o estudante entenda alguns conteúdos mais facilmente.
O vestibulando Thiago Borba, 18 anos, incorporou os treinos de corrida em sua rotina semanal. Em 2012, os estudos eram suspensos apenas para um pulo na academia, onde fazia musculação. Com a proximidade do vestibular, o canoense deu um tempo nos exercícios, mas se arrependeu:
- Ficar só estudando me sobrecarregou. Sempre gostei de atividade física e parar não funcionou. Desta vez, vou manter os treinos.
Mas é preciso tomar cuidado com exageros. Pesquisa da Universidade Federal de Pelotas com 4,3 mil estudantes mostrou que 64% daqueles que rodaram ou abandonaram a escola praticavam mais de 1 mil minutos de atividade física por semana, ou 16,7 horas semanais. Segundo o professor do Programa de Pós-graduação em Educação Física da UFPel Airton Rombaldi, o excesso de horas não traz prejuízos neuronais, mas consome tempo e energia para estudar.
Sinais de alerta
Fique atento a alguns sinais do seu corpo e ao seu rendimento nos estudos, que podem indicar que você está passando do seu limite físico.
> Sinais físicos: perder o ânimo e o apetite, sentir o corpo pesado, não ter vontade de levantar da cama no horário habitual, e não aguentar ficar dentro da sala de aula podem significar que a atividade física está consumindo muito de sua energia.
> Nos estudos: se você começar a ter dificuldades na resolução de problemas e questões que antes eram fáceis, pode ser que você esteja exigindo demais de seu corpo.
Números
> 64% dos alunos entre 11 e 15 anos avaliados pela pesquisa da UFPel que praticavam mais 1 mil minutos de atividade física rodaram ou abandonaram a escola
> O prejuízo escolar teve maior incidência entre meninos: 47,9%
> Recomenda-se cerca de 300 minutos (ou cinco horas) semanais de exercícios para pessoas até 18 anos
> Maiores de 18 anos precisam de 150 minutos (ou duas horas e meia) de exercícios por semana