Ex-alunos do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA), os estudantes Lucas Gabriel de Barros Silva, 17 anos, Victória Jalowitzki de Quadros, 18 anos, e Matheus Ozorio Brum, 19 anos, foram selecionados para cursar a graduação em três universidades dos Estados Unidos: Pensilvânia, Harvard e Duke.
Os três afirmam que é preciso ter mais do que uma base sólida de conhecimentos para ser aprovado em um processo seletivo mais amplo do que o brasileiro.
Como em algumas universidades daqui, os candidatos a uma vaga no Ensino Superior nos EUA fazem um teste, aos moldes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Contudo, depois da prova, os estudantes são submetidos a avaliações específicas da instituição a que se candidatam, que ainda analisa o currículo, com foco em atividades extracurriculares que envolvam liderança e participação comunitária.
- Eles fazem uma avaliação holística. Fiz uma prova no estilo do Enem, mas sei que tinha gente com nota maior do que a minha. Creio que fui selecionado porque a Universidade Duke dá muito valor ao engajamento social e à liderança - diz Matheus, que participava do Clube de Relações Internacionais do CMPA, grupo de estudos acadêmicos em que os alunos se reúnem para discutir temas, simulando um debate da Organização das Nações Unidas (ONU).
Devido ao processo muito mais elaborado - e trabalhoso para o candidato -, é comum que estudantes brasileiros procurem orientação com compatriotas que já passaram por universidades norte-americanas. O Instituto de Liderança do Rio (ILRio), por exemplo, oferece auxílio gratuito a quem quer tentar uma vaga nos EUA.
- No ILRio, brasileiros ex-alunos de universidades americanas me ajudaram com as redações, apontando possíveis temas. Tive de fazer umas 50, porque concorri em oito universidades - conta Victória, que também participou do Clube de Relações Internacionais do CMPA e está entre os seis estudantes brasileiros admitidos em Harvard este ano.
Bolsas financiam altos custos
Liderança e contribuição para a comunidade são alguns dos critérios considerados pelas instituições dos Estados Unidos para aprovar os candidatos. Os quesitos são medidos com base na participação em atividades extracurriculares. Conforme a classificação, o estudante pode receber bolsas integrais ou parciais.
Em geral, a maioria dos aprovados recebe algum tipo de benefício para cobrir os altos custos anuais, que ultrapassam os US$ 60 mil nas três universidades em que os jovens do Colégio Militar foram admitidos. Até agora, Lucas Gabriel de Barros Silva conseguiu uma bolsa que cobre parte das taxas da Universidade da Pensilvânia. Para tentar completar o financiamento, ele se juntou a outros estudantes brasileiros e participa do projeto Apoie um Talento, cujo objetivo é angariar fundos para quem não recebeu um benefício integral:
- Estou tentando outros programas de bolsa. A ideia do projeto é chamar a atenção para ajudar alunos a realizarem um sonho - explica.
Aprovado para a Universidade Duke, Matheus Ozorio Brum foi um dos estudantes estrangeiros a receber a bolsa Karsh International - programa financiado por Bruce Karsh, ex-aluno da instituição, que custeia integralmente as taxas universitárias.
- Sete mil pessoas tentaram entrar em Duke, 150 foram aceitas. Destes, cinco alunos de fora dos Estados Unidos receberam essa bolsa-mérito.