Desfaça a imagem do mergulho com baleias. O profissional formado em Oceanografia é uma espécie de engenheiro dos mares. Escolher o curso é lidar com números. Matemática e física irão aparecer em várias disciplinas.
A coordenadora do curso de Oceanografia da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), no Estado de Santa Catarina, Kátia Naomi Kuroshima, explica que os conteúdos de exatas são necessários porque o oceanógrafo precisa compreender os processos geológicos e biológicos do ambiente marinho.
O profissional estuda, nos meios marinho e costeiro, os organismos e seu ambiente. Coleta e interpreta informações sobre as condições dos ambientes aquáticos. Analisa a composição da água de rios, lagunas e estuários e atua em projetos de saneamento de áreas costeiras.
O curso da Univali foi criado em 1992, sendo o terceiro do país. A necessidade pelo profissional está em alta. De acordo com Kátia, o mercado está muito aquecido no Brasil. Um dos principais motivos é a descoberta do pré-sal - reservas de petróleo em rochas calcárias localizadas abaixo de camadas de sal no oceano.
- Todo empreendimento necessita de uma avaliação do seu impacto ambiental, e no ambiente marinho, como as obras do pré-sal, estas atividades são melhores desempenhadas pelos oceanógrafos - relata.
Além disso, ela diz que a pesca e a maricultura, em Santa Catarina, têm crescido bastante, o que faz aumentar a necessidade do profissional nos setores da pesca, de alimentos, na biotecnologia e em todas as áreas de pesquisa.
Oceanógrafo formado em 1999, Lindino Benedet afirma que a área de atuação está muito mais ampla do que quando se formou. Ele é diretor de uma multinacional, a Shaw, que tem escritórios no Brasil, o principal deles em Florianópolis. Entre os trabalhos que a companhia desenvolve estão os estudos para iniciar uma obra em alto-mar. O mesmo serviço feito em terra também é feito na água, como fundação e estudo de impacto.
Conheça o curso
> Do que é preciso gostar
O curso de Oceanografia aborda as áreas de matemática, química, física, biologia e geologia. Assim, de acordo com a coordenadora do curso da Univali, Kátia Kuroshima, mais do que ter afinidade com alguma disciplina, o estudante deve ter um perfil investigativo. Dessa maneira, terá motivação para estudar e compreender os processos que controlam os oceanos.
> O que é mais difícil
Lindino Benedet, diretor da multinacional Shaw Brasil, diz que muitos alunos escolhem o curso acreditando que irão encontrar uma faculdade leve, mas ela traz bastante cálculo de física, química e estatística. Muitas cadeiras pegam pesado nas exatas, e os alunos podem se surpreender.
> Mercado de trabalho
Aquecido, principalmente depois da descoberta do pré-sal. O oceanógrafo pode atuar em instituições de ensino e pesquisa, órgãos públicos municipais, estaduais e federais, como secretarias de Meio Ambiente, secretarias de Agricultura e Pesca, secretarias de Obras e de Saneamento e em diversas divisões do Ministério da Marinha. Ou, ainda, ser um profissional liberal e abrir a própria empresa de consultoria ambiental.
> Salário
Apesar de a profissão ser regulamentada, ainda não existe um conselho. A Associação Brasileira de Oceanógrafos (www.aoceano.br) sugere um piso salarial de seis salários mínimos para o início da carreira.
> O curso no RS
A Universidade Federal do Rio Grande (Furg) oferece o curso de Oceanologia em cinco anos. Nos primeiros três, os acadêmicos devem completar matérias obrigatórias para, no quarto, optar pelas eletivas (profissionalizantes). No último ano, os estudantes têm de fazer um trabalho de conclusão de curso e estágio em uma empresa que trabalhe com questões marítimas. Além disso, é necessário passar, no mínimo, cinco dias em alto-mar, coletando e processando dados para pesquisa.
Confira algumas disciplinas do curso: oceanografia física, oceanografia química, oceanografia biológica e oceanografia geológica, aquacultura, poluição marinha, dinâmica e avaliação pesqueira, técnicas de pesca e hidroacústica aplicada
> O mais antigo
Oceanologia e Oceanografia se referem à mesma graduação. Aberto em 1971, o curso da Furg é o mais antigo do Brasil e mantém o nome por uma questão de tradição.
Informações: www.oceano.furg.br