Joice Monticelli Furtado, 23 anos, gostava de traduzir músicas já na adolescência. Em 2010, formou-se em Letras, bacharelado em francês, na UFRGS. Joice mora em Cachoeirinha, onde trabalha com legendagem de vídeos e traduções. Além disso, faz mestrado, também na UFRGS, sobre legendagem e variação linguística.
Para a professora Patrícia Chittoni Ramos Reuillard, que coordena o Núcleo de Estudo de Tradução Olga Sedosseyva da UFRGS, a possibilidade de atuar como freelancer, trabalhando em casa, é uma das vantagens da profissão. Para ela, o bacharelado em Letras forma o que pode ser chamado de profissional do texto.
- Gosto de legendar. Às vezes, tem uma frase muito grande que é preciso diminuir para caber no limite de caracteres por linha e por segundo, e quando se consegue deixar a frase enxuta e preservar o sentido original, dá muita satisfação - comenta Joice.
A escolha
Desde os 14 anos, gostava de pegar letras de músicas em inglês da internet e traduzir. Tinha um caderno que era só de traduções de músicas, e usava um dicionário escolar mesmo. Decidi fazer o bacharelado para ser tradutora, mas escolhi o francês em vez do inglês por achar que o mercado seria menos competitivo. Formei-me na UFRGS em 2010.
Vida de tradutora
Comecei a traduzir textos profissionalmente ainda na graduação. Os professores buscam proporcionar a experiência da tradução também com textos encomendados por um cliente. Foi por meio de uma disciplina da UFRGS que tive a minha primeira tradução literária publicada, do conto A Cabeleira, de Guy de Maupassant, em uma coletânea da Editora Artes e Ofícios.
Fazer legendas
Também na graduação, comecei a trabalhar com legendagem. Eu era bolsista de um projeto que legendava programas da UFRGS TV para outras línguas no YouTube. Depois disso, legendei também para o francês o vídeo institucional da UFRGS. Desde então, tenho legendado vídeos para clientes diretos e também vídeos institucionais. Atualmente, estou trabalhando nos vídeos do Fronteiras do Pensamento.
O mercado
Para quem quer trabalhar com legendagem, não existe só a indústria de cinema/DVD para trabalhar. Existe um mercado também de vídeos institucionais. E vale lembrar que, para quem quer trabalhar com cinema e DVD, apesar de as empresas estarem no eixo Rio-São Paulo, é perfeitamente possível que se trabalhe a partir de outros Estados, pois o contato é todo feito pela internet.
Cursar Letras
A minha dica principal para quem quer escolher o bacharelado em Letras é de que é preciso gostar de línguas e também gostar de traduzir. Não adianta escolher o bacharelado só porque "não quer ser professor". Tem que gostar do que se faz, senão as portas não se abrem. É preciso fazer as coisas com gosto para que elas deem certo. Também é importante fazer cursos e se especializar.
Conheça o bacharelado em Letras
De acordo com a professora Patrícia Chittoni Ramos Reuillard, que coordena o Núcleo de Estudo de Tradução Olga Sedosseyva, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o bacharelado em Letras forma "o profissional do texto". Embora não prepare especificamente para interpretação de conferência - popularmente chamada de "tradução simultânea" -, o curso também fornece conhecimentos relacionados à prática.
O estereótipo
Reclusos e pouco comunicativos, tradutores e revisores de texto não se relacionam com ninguém, pois passam todo o tempo imersos em livros e dicionários, buscando significados de expressões e de termos extremamente técnicos.
Como é
A professora Patrícia concorda que o estereótipo é em parte verdadeiro, pois, normalmente, o trabalho é individual, mas ressalva:
- O tradutor é um profissional muito relacional. Como textos técnicos exigem conhecimentos bastante específicos, não basta só baixar a cabeça e traduzir. É necessário se relacionar com colegas e especialistas para buscar a maior precisão possível.
Outras áreas de atuação
> Tradução: trata-se do mercado mais tradicional do bacharel em Letras. Pode-se trabalhar em casa, como freelancer ou em empresas de tradução.
> Meio editorial: as editoras têm buscado pessoas formadas na universidade para traduzir obras literárias - função há pouco tempo ocupada primordialmente por escritores consagrados.
> Revisão: pode-se trabalhar com textos originais e traduções.
> Lexicografia e terminologia: produz-se glossários de termos técnicos ou mesmo dicionários.