Um profissional multidisciplinar que precisa de conhecimento em áreas sociais e também nas exatas. Assim, o professor Leandro de Lemos, diretor da Agência de Gestão de Empreendimentos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon-RS), define a profissão de economista.
Maria Fernanda Santin, 36 anos, formada na PUCRS em 2005, é um exemplo disso. Já atuou como analista financeira e em um fundo de investimentos. Fez mestrado em desenvolvimento econômico e dois MBAs, um em finanças e outro em gestão de negócios. Mesmo durante a graduação, já procurava fazer cursos em diferentes áreas para expandir seus conhecimentos.
- Ampliar o horizonte é fundamental. É preciso pensar fora da caixa, inovar - resume.
Hoje, Maria Fernanda é responsável por garantir que os projetos corporativos das Lojas Renner apresentem viabilidade econômica e financeira. Abaixo, confira o relato dela sobre sua carreira e alguns mitos sobre a profissão:
A escolha do curso
Comecei a trabalhar muito cedo e sempre tive o hábito de ler jornais. O que eu mais gostava era o jornal Gazeta Mercantil, que tratava, basicamente, de economia. Sempre tive interesse por questões econômicas e sociais e também por questões empresariais. Quando eu decidi fazer vestibular, a Economia foi a primeira opção, e não consigo me imaginar em outra profissão.
Surpresa boa na graduação
Como eu já me interessava pela matéria antes mesmo de começar a graduação, já tinha uma boa noção do que encontraria, principalmente no que se refere à macroeconomia, que trata de políticas públicas e seus efeitos na sociedade. Mas, quando comecei, me surpreendi positivamente com as tantas alternativas que o curso apresenta. A microeconomia, que trata das relações entre os agentes privados, me cativou bastante. Além disso, gosto de temas relacionados às questões sociais, ao desenvolvimento econômico e sustentável e ao desenvolvimento limpo, que trazem progresso para a sociedade conservando os recursos naturais.
O começo da carreira
Logo que entrei na faculdade, comecei a estagiar no Núcleo de Estudos e Pesquisas em Economia, da PUCRS, o que considero muito importante para o desenvolvimento do meu gosto por pesquisa e interesse por diversos assuntos. Também realizei vários estágios, nos quais tive oportunidade de colocar em prática o que eu havia aprendido na faculdade. Isso foi fundamental para que, tão logo eu me formasse, já começasse a trabalhar como economista do Sindicato das Indústrias Metalmecânicas do Rio Grande do Sul.
Depois, trabalhei com análise financeira de investimento, colocando em prática conhecimentos da microeconomia. Também atuei em um fundo de investimentos, fazendo projeções e análises.
Atuação no varejo
Atualmente, trabalho nas Lojas Renner como coordenadora do Escritório de Gerenciamento de Projetos Corporativos. O setor é responsável por garantir que todos os projetos corporativos apresentem viabilidade econômico-financeira e que ocorram de acordo com a metodologia de gerenciamento. Assim, garantimos que os investimentos sejam feitos da melhor forma possível, em linha com o planejamento estratégico da empresa. A área de gerenciamento de projetos tem crescido bastante, e existem muitas oportunidades de carreira, tanto em empresas públicas quanto privadas.
Onde é possível atuar:
> Economia da cultura
> Economia digital
> Área de design e moda
> Economia dos esportes
> Inovação e empreendedorismo
> O setor microeconômico permite a atuação nas áreas de inteligência de mercado, desenvolvimento de novos produtos, estimativa de demanda, formação de preços, além das oportunidades no setor financeiro e de investimentos.
Habilidades importantes para quem deseja cursar Economia:
> Capacidade de abstração
> Pensar antes de agir
> Concentração para estudar
> Criatividade para inovar
> Lidar com questões complexas, que envolvem aspectos quantitativos e qualitativos
> Gostar de desafios
Alguns filmes que retratam economistas, sugeridos por Leandro de Lemos:
Uma Mente Brilhante
Grande Demais Para Quebrar
Trabalho Interno
Mitos comuns sobre os economistas:
O curso é voltado para a carreira no setor público
> Essa noção pode ser fruto de uma época em que o setor público demandava economistas para conduzir as políticas desenvolvimentistas. Hoje, o setor privado tem muitas oportunidades para profissionais formados em Economia. Isso porque os economistas possuem uma formação bastante consistente com foco tanto no raciocínio lógico quanto em questões estratégicas e de planejamento.
Um economista só analisa números
> Não. Os números são apenas uma das variáveis analisadas pelos economistas. Expectativas, tendências e questões políticas são indicadores importantes nesta área. O aspecto social também é muito valorizado. As questões de desenvolvimento sustentável, por exemplo, estão ganhando grande importância, assim como questões ligadas ao terceiro setor e a outros segmentos da economia que são independentes da matemática.
Para cursar Economia é preciso gostar apenas de matemática
> O professor Leandro de Lemos considera o curso interdisciplinar. Há cadeiras na área da história, filosofia, psicologia e política. Questões como religiões e comportamentos culturais também são importantes no decorrer da graduação.
Um economista é preparado para ser Ministro da Fazenda
> A análise de fatores macroeconômicos, como o juro, poupanças, emprego e renda, fundamentais para o Ministério da Fazenda, também cabem a um economista. Porém, isso é apenas um nicho de mercado, ou seja, uma possibilidade para os profissionais.
Há mais homens na Economia
> A Economia ainda é vista como um curso em que a presença masculina é maioria. Porém, nos últimos anos, isso tem mudado bastante. O mercado já não faz mais distinção entre sexos, então as oportunidades para homens e mulheres são praticamente iguais.