
Ondas de calor intenso, eventos climáticos extremos, temporais cada vez mais destruidores, com vento e granizo. Temas que até há poucos anos eram pouco falados ou mesmo ignorados por políticos e empresários, agora se impõem nas agendas públicas e corporativas. Da mesma forma, o assunto se insere em salas de aula e se tornou um diferencial agregado a currículos profissionais em diferentes áreas.
Entender melhor o tema pode ser tanto um desafio quanto uma oportunidade. O movimento ganhou ainda mais força no Brasil em 2025, ano que Belém (PA) sediará a 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em novembro.
— Esse é um tema transdisciplinar, que exige conhecimentos de vários temas. E é um assunto que precisa estar na filosofia, na cultura de uma organização, é preciso que o CEO e sua diretoria coloquem esse tema como central na organização, que naturalmente vai ser implementado dentro da organização — afirma o professor da Escola de Gestão e Negócios da Unisinos, João Zani.
Um especialista em aquecimento global e sustentabilidade, explica Zani, deve ter conhecimentos de negócios, de legislação, de engenharia e também de educação, para formar pessoas. O professor reforça que, apesar do peso maior ser dos políticos, as pessoas individualmente e as empresas também devem iniciar esse processo de olhar para a questão com mais seriedade e efetividade.
Zani, destaca que o momento é especialmente desafiador, tendo em vista que os países chamados de “primeiro mundo” não compareceram com o financiamento esperado e prometido, além da decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sair do Acordo de Paris.
— Vivemos um período de incógnitas e de transição. Toda a universidade tem uma preocupação muito grande. Temos vários cursos que tratam do tema aquecimento global, especificamente temos o MBA de ESG Negócios Sustentáveis — comenta Zani.
Auxílio à sociedade
Engajado na temática da reciclagem, o professor da Escola Politécnica da Unisinos, Carlos Moraes, atua na instituição há 25 anos. Engenheiro metalúrgico de formação, Moraes traz para a sala de aula a importância de reaproveitar os resíduos do setor – muitas vezes considerados como sucata – para transformá-lo em novas matérias-primas e coprodutos.
Atualmente, Moraes atua com um grupo de pesquisa com 80 pessoas, que se debruçam na perspectiva de caracterização e reciclagem de resíduos originários de cooperativas de coleta seletiva, ação que beneficia não só o meio ambiente, como os próprios recicladores.
— Trabalhamos com a prefeitura de São Leopoldo, desde 2022, em inventários de efeito estufa, com um plano local de ação climática focado nas questões de redução do impacto de geração de gases de efeito estufa, assim como ajudamos no projeto IPTU Verde deles (prefeitura) — exemplifica Moraes.
O pesquisador refere-se ao desconto no Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) a contribuintes que adotarem e comprovarem práticas sustentáveis, como a implantação de sistemas de captação de água da chuva, aquecimento e energia solar, construções ecologicamente sustentáveis, e a destinação de resíduos para reciclagem.
Novas carreiras
Entender e ajudar a mitigar os impactos das mudanças climáticas ganhou relevância no mercado de trabalho. Fundador da ABG Engenharia e Meio Ambiente, o engenheiro agrônomo Alexandre Bugin aprimorou seu conhecimento sobre o tema um ano antes de abrir o próprio negócio ingressando no curso de Especialização em Gerenciamento Ambiental, ofertado pela Unisinos e pioneiro no Rio Grande do Sul.
— Em 1989 eu já tinha experiência por ter acompanhado o desenvolvimento do sistema e dos órgãos ambientais de controle do Brasil. Encontrei no curso uma oportunidade, pois era um desafio tratar do assunto naquela época — explica Bugin.
Ele conta que, nos primeiros anos da empresa e por conta dos estudos voltados ao aquecimento global estarem ainda em processo inicial, os profissionais precisavam buscar conhecimento em áreas como a Engenharia Química e Biologia para desenvolver as metodologias que seriam aplicadas nos estudos ambientais.
Para Bugin, quem pretende trabalhar no setor ambiental deve ter uma visão voltada para buscar a viabilidade dos empreendimentos em equilíbrio com a sustentabilidade.
ABG Engenharia e Meio Ambiente trabalha com projetos de energia renovável, como complexos eólicos e solares e também pesquisas em hidrogênio verde. A demanda por iniciativas para conter os atuais efeitos climáticas, de acordo com Bugin, reforçam a presença dessa temática em diferentes cursos de pós-graduação.
— Sociólogos e antropólogos são formações que possuem um caráter que podem colaborar com projetos voltados ao meio ambiente. O próprio Direito e os cursos com uma formação mais administrativa trazem possibilidades de desenvolvimento do setor — aponta o agrônomo.
Conheça os cursos de pós-graduação que abordam o tema:
- Especialização em Construção Civil – Gestão, Tecnologia e Sustentabilidade
- MBA ESG – Negócios Sustentáveis em Organizações Cooperativas
- MBE em Gestão de Energias e Fontes Renováveis
- Mestrado e doutorado em Engenharia Civil
- Mestrado e doutorado em Engenharia de Produção e Sistemas
- Mestrado e doutorado em Engenharia Elétrica
- Mestrado e doutorado em Engenharia Mecânica
*Produção: Padrinho Conteúdo