A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) divulgou, na manhã desta segunda-feira (11), um balanço com as ações que as universidades federais de todo o país têm promovido durante a pandemia de coronavírus. De Norte a Sul, as instituições se mobilizam para pesquisar, auxiliar na produção de insumos e educar a população sobre o vírus.
Ao abrir o encontro virtual, o presidente da Andifes, João Carlos Salles Pires da Silva, destacou a pronta resposta da comunidade acadêmica ao enfrentamento da pandemia: já são mais de 800 pesquisas relacionadas ao coronavírus, disponibilização de centenas de leitos em hospitais universitários (HUs), além de dezenas de ações de fabricação de álcool em gel e produção de equipamentos de proteção individual (EPIs).
— Devemos seguir o conhecimento — enfatizou, acrescentando que as respostas são proporcionais aos investimentos que recebem:
— As instituições estão dando respostas com as condições que têm. Estamos sofrendo problemas orçamentários que, se não tivéssemos, daríamos uma resposta mais robusta.
Pesquisa e produção
As pesquisas envolvendo o coronavírus já são 823, com atuação nas mais variadas frentes. Vão desde a identificação do genoma do vírus, até a busca por uma vacina, passando pela redução de custos nos testes.
— Temos a pesquisa da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) sobre prevalência do contato com o vírus na população. Essa pesquisa e inédita no mundo — enalteceu Lucia Pellanda, reitora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
Fora isso, as universidades têm transformado seus laboratórios em verdadeiros centros de produção. Com 96 ações em todo o país, já foi possível fabricar mais de 992 mil litros de álcool em gel para distribuição tanto para secretarias da saúde quanto para comunidades carentes. Também foram criadas 104 ações para produção de EPIs, que fabricaram milhares de protetores faciais, máscaras de pano, aventais e capuzes. Atividades relacionadas à testagem totalizam 53.
O balanço em números
- Instituições que responderam para a Andifes: 46
- Pesquisas em andamento: 823
- Leitos em HUs*: 2.717 (2.228 normais e 489 de UTI) *inclui leitos próprios e leitos viabilizados em parcerias para a construção e a operacionalização de hospitais de campanha
- Ações para produção de álcool: 96
- Ações para produção de EPIs: 104
- Ações de testagem: 53
- Ações de solidariedade: 341
- Campanhas educativas: 697
Outros tópicos abordados no encontro virtual
Vacinas
Embora tenham iniciado as pesquisas o mais rápido possível, ainda não dá para prever quando as universidades terão resposta sobre uma vacina contra o coronavírus. Lucia destacou que os trabalhos para desenvolver um imunizante estão intensos. No entanto, a ciência precisa respeitar etapas.
— Quando dizemos que a ciência precisa de um tempo é porque a primeira fase é justamente mostrar que não faz mal (a vacina). Antes de mostrar que é efetivo, precisa demonstrar segurança — justificou Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, reitor da Universidade Federal Fluminense.
Ano letivo
O presidente da Andifes ressaltou que as atividades universitárias são essencialmente presenciais, porém, as instituições estão elaborando ações remotas para manter as atividades. Para isso, a Andifes prevê um seminário para debater as melhores maneiras de conduzir as atividades à distância.
— Não estamos em férias e nem em greve. Estamos trabalhando em ações voltadas ao combate do coronavírus — defendeu Silva.
Sobre a retomada do ano letivo, Silva lembrou que o calendário das universidades não tem obrigação de seguir o calendário civil, e não descartou que as aulas se estendam até o próximo ano.
— Cada universidade tem autonomia. Quando houver condições retorno, o calendário será reprogramado. Não podemos confundir semestres letivos com ano civil. Nossas atividades de 2020 podem entrar em 2021 — assegurou.
Um retorno às aulas só será possível, disse Silva, quando planos que garantam a segurança de alunos, professores e funcionários estiverem prontos. Isso contempla higienização adequada dos ambientes e distanciamento seguro entre as pessoas.
Enem
Silva destacou que não é possível simular uma normalidade diante da situação em que estamos. Porém, ele afirmou que a Andifes está dialogando com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para tratar do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano.
— Temos entendido que o anúncio formal significa apenas um procedimento necessário para fazer licitações. Mas contamos com a compreensão do Inep para que tenha sensibilidade com esse momento.