
A greve dos professores estaduais, que começou em 18 de novembro contra o pacote de projetos que muda as carreiras do funcionalismo, segue sem data para terminar e provoca indefinição sobre o fim do ano letivo em parte das escolas afetadas. De um lado, o governo do Estado exige a retomada das aulas para negociar os dias parados. De outro, o Cpers-Sindicato, que representa os professores, reitera que não encerrará a paralisação sem o acerto sobre o período de inatividade.
O último balanço da Secretaria de Educação aponta que 115 das 2,5 mil escolas estaduais estão em paralisação total. Com os funcionários em férias coletivas, o Cpers não tem um levantamento atualizado do número de instituições de ensino afetadas.
Os alunos que precisarem de documentação para comprovação do encerramento do ano letivo (para ingresso em universidades e cursos técnicos, por exemplo) são orientados a procurar as escolas. Caso a instituição de ensino esteja fechada, os estudantes devem se dirigir à Coordenadoria Regional de Educação (CRE) da sua região.
Neste domingo (29), em entrevista à Rádio Gaúcha, o secretário de Educação, Faisal Karam, reiterou o posicionamento indicado pelo governador Eduardo Leite, de que não haverá compensação aos educadores antes da conclusão do ano letivo de 2019:
— Enquanto não houver a recuperação total dos dias letivos, o governo, e por consequência a Secretaria de Educação, não sentará para fazer discussões.
De acordo com o sindicato, a posição do governo serve como intimidação à categoria, já que a capacidade de negociação estaria vinculada à manutenção da paralisação.
“A nós cabe lutar para preservar nossos direitos duramente conquistados. Seguimos mobilizados para derrotar o pacote e defender a própria existência da escola pública”, diz nota publicada na sexta-feira (27) pelo comando de greve do Cpers.
Aulas até 23 de janeiro
A indefinição torna impossível uma projeção sobre a finalização do ano letivo de 2019 na rede estadual. O governo já indicou que as aulas devem ir até o final de janeiro, com atividades aos sábados. Como os professores entrarão em férias apenas depois da conclusão das aulas, o início do próximo ano letivo também deve ser prejudicado.
No dia 19 de dezembro, o Cpers enviou às Coordenadorias de Educação orientações sobre a reposição das aulas nas escolas que aderiram à greve, com previsão de recuperação entre 21 de dezembro e 23 de janeiro. Ainda assim, parte das instituições ainda registra professores de braços cruzados.
Sem respostas do governo sobre uma tentativa de negociação, o Cpers planeja uma “auto agenda” na secretaria de Educação, na próxima quinta-feira (2).
Em dezembro, o sindicato entrou na Justiça para impedir o governo do Estado de cortar o ponto dos grevistas, mas o desembargador Glênio José Wasserstein Hekman, do Tribunal de Justiça, negou a liminar. O Cpers recorreu ao plenário da Corte, mas a decisão só deve sair em janeiro.