Uma pesquisa feita pelo Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe/RS) aponta para um aumento de inadimplência nas mensalidades deste ano. A comparação entre julho de 2016 e o mesmo mês de 2015 mostra elevação de 27,5% na Educação Básica e 26,4% no Ensino Superior.
O levantamento – que considerou 85 instituições do primeiro grupo e 13 do segundo (25% e 50% dos associados, respectivamente) – mostra que os percentuais de inadimplentes passaram de 8,97% para 11,44% na Educação Básica e de 10,6% para 13,4% no Ensino Superior.
– Em 77% das escolas que responderam à pesquisa, houve aumento (da inadimplência). No Ensino Superior, o quadro é pior: 85% das instituições tiveram elevação – afirma o presidente do sindicato, Bruno Eizerik. – O ensino privado não está em uma bolha. Se nós temos uma crise no país, o ensino privado está dentro dessa crise – acrescenta.
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Também foi constatado crescimento na parcela de famílias que procuram as instituições para renegociar as dívidas. Desde o início do ano letivo, 62,7% dos colégios e 92,3% das universidades, centros universitários e faculdades registraram esse aumento.
– Percebemos, primeiro, o desemprego. Em segundo lugar, a redução de renda, que é significativa. O que nos assunta hoje é a falta de esperança que esse pagamento vá acontecer – complementa Oswaldo Dalpiaz, vice-presidente do Sinepe.
Uma das explicações para a procura por renegociação ter variado mais no Ensino Superior, conforme o sindicato, está no fato de os próprios alunos serem os responsáveis pelo pagamento da mensalidade.
– Na Educação Básica, o pai faz um esforço ou fica devendo até trocar de escola no final do ano. Mas, no Ensino Superior, o aluno que não consegue negociar evade – diz Eizerik.
A lei 9.870, de 1999, diz em seu artigo 6º que "o desligamento do aluno por inadimplência somente poderá ocorrer ao final do ano letivo ou, no ensino superior, ao final do semestre letivo quando a instituição adotar o regime didático semestral".
A estudante de Jornalismo Roberta Brum, 25 anos, precisou utilizar da negociação duas vezes antes de ser contemplada pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Ela ingressou em um centro universitário da Capital em 2012. Atrasou o pagamento de um semestre e, para saldar a dívida com 5% de desconto à vista, precisou resgatar o fundo de garantia. Em 2014, voltou a acumular parcelas, quitadas com o dinheiro da rescisão do emprego que tinha na própria instituição.
– (O valor das mensalidades) acaba tirando os alunos do curso ou fazendo atrasar a graduação. Nosso curso (Jornalismo) tem uma média de quatro anos, mas as pessoas não têm condições de fazer todas as disciplinas, então, recorremos à diminuição dos créditos. Tenho colegas que tiveram de parar a graduação e foram fazer um técnico – conta a universitária.
Antecipar mensalidades pode garantir descontos
Uma maneira de reduzir o peso das mensalidades no bolso é aproveitar descontos que as instituições proporcionam. Colégios consultados por ZH oferecem vantagens para quem antecipa o pagamento ou opta por não fazê-lo em parcelas.
Uma escola de Porto Alegre, por exemplo, dá 20% de desconto na primeira mensalidade de 2017 para quem fizer a matrícula em outubro. Outra reduz em 5% o valor do ano inteiro a quem pagar de uma só vez. Uma terceira apresenta como vantagem da antecipação do pagamento o fato de, se for feito agora, não incidir o reajuste de 2017 – o Sinepe ainda não realizou a pesquisa sobre o aumento médio dos reajustes para o ano que vem.
Para os matriculados em um colégio de Gravataí, há 5% de desconto a quem antecipa três mensalidades, enquanto uma rede com escolas em Canoas dá 2,5% a partir da segunda parcela em pagamentos até o primeiro dia útil de cada mês.

