O número 1 não quer ser médico
Este ano, ao contrário do que ocorreu em diversas edições do vestibular da UFRGS - pelo menos desde 2010 -, o primeiro lugar geral não é um candidato de Medicina. Eduardo Isaia Casara, 17 anos, passou com média de 797,10 para Engenharia Civil, curso que já sabia que iria fazer muito antes de começar o terceiro ano do Ensino Médio.
Quem comemora, hoje, o sucesso do menino é a mãe, a engenheira química Suzana Isaia, 50 anos, que acompanhou de muito perto a dedicação do filho:
- Desde o segundo ano do colégio ele estava bem ciente do que queria. Quando iniciou o último ano, já estava bem motivado.
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As horas de estudo sozinho em casa eram conciliadas sem muita dificuldade com as aulas no colégio e de teclado e flauta. Suzana lembra que, no início de 2015, Eduardo usava apenas o material da própria escola para estudar e fazer resumos. Com o passar dos meses é que outros materiais e livros o ajudaram na conquista. Fora isso, estava sempre lendo revistas e jornais.
- Comecei a estudar de tarde, entre uma e duas horas por dia. Fiz assim até a metade do ano, quando iniciei o cursinho intensivo - relembra o estudante.
Sem deixar de lado as atividades extracurriculares, Eduardo conseguiu se dedicar ao ano letivo, ao vestibular e ainda se envolver em um evento do colégio ligado à música que tomou boa parte do mês de setembro. Tanta dedicação valeu a pena: foi o primeiro colocado em Engenharia Civil na PUCRS e, depois, ficou à frente entre os 4.017 candidatos aprovados na UFRGS. A notícia da primeira colocação veio com surpresa:
- Minha primeira meta era passar. Depois, conseguir uma nota boa. Se ficasse em primeiro no curso, melhor ainda, mas não imaginava ser o primeiro geral.
A mãe conta que foi surpreendida com a notícia justamente quando fazia o pedido de faixa para estender em frente à casa, no Litoral Norte.
- Eu estava mandando fazer a faixa dizendo que ele era o primeiro colocado em Engenharia da UFRGS, na PUCRS e no Enem, quando ele me ligou e disse que tinha a média mais alta. Mandei colocar na faixa na hora. Quando cheguei em casa, foi uma festa, caí no choro - relembra.
Eduardo avalia que o mais importante foi começar os estudos cedo - mesmo que por conta própria -, fazer exercícios e não deixar de estudar as matérias que não gostava. Aproveitar o tempo das provas também foi fundamental.
Julia (à esq.), Tomaz e Eliza se classificaram com folga após muito estudo ainda na escola
Irmãos "trigênios"
Diz o ditado que um é pouco, dois é bom e três já é demais. Nem sempre. Pelo menos esse não é o caso da família Cachafeiro Réquia, de Porto Alegre, que comemora a aprovação no vestibular dos trigêmeos Eliza, Julia e Tomaz, de 17 anos.
Eliza foi a primeira colocada no curso de Odontologia da UFRGS e da PUCRS. Tomaz o primeiro em Engenharia de Produção na UFGRS pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), sexto pelo vestibular e ainda medalha de ouro em Economia, na PUCRS. Julia conquistou uma vaga em Medicina na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, com a 29ª colocação pelo Sisu.
Tantas conquistas mal cabem na faixa estendida em frente à casa da família, em Capão da Canoa. Foi preciso fazer uma segunda para comemorar o feito. A frase: "Os trigênios passaram" resume o sentimento de todos os parentes:
- Sinto um orgulho imenso porque estou criando pessoas maravilhosas para o mundo - comemora a mãe, Marisol Réquia, 51 anos.
Acompanhando de perto a rotina do trio, a arquiteta disse que o sucesso no vestibular é uma forma de coroar o empenho na escola. Aplicados, eles sempre foram reconhecidos e laureados durante o período escolar. E, quando um não ia bem, os outros dois entravam em ação para incentivar o que a mãe define como competição sadia para melhorar o desempenho. Apostando no potencial do trio, o próprio colégio ofereceu um mês de revisão em um cursinho, antes das provas da UFRGS.
O resultado não veio à toa. Antes de passar na seleção para Medicina, Julia chegou a dedicar 12 horas diárias aos estudos.
- Ficava até de madrugada acordada. Dormia duas ou três horas e ia para o colégio - relembra a jovem, que também diminuiu o ritmo de saídas.
Mesmo trabalhando em equipe na véspera de provas da escola e em no período de revisão do conteúdo, Eliza disse que na reta final foi "cada um por si".
- A Julia foi quem mais estudou. Às vezes eu ficava junto, mas dormia enquanto ela estudava - comenta. - Fiquei muito feliz por ela. Se não passasse, ficaria chateada, afinal Medicina é o curso mais difícil - orgulha-se Eliza.
Nem mesmo Tomaz, reconhecido como o que menos se dedicou, ficou para trás. A receita dele foi investir desde cedo nos conteúdos.
- No começo, eu estudei bem mais que no final. No fim do ano eu já tinha estudado a maior parte dos conteúdos e descansei.
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