Ele caminha, corre, sobe e desce escadas. Consegue abrir uma garrafa e servir um copo. Aperta a mão educadamente para cumprimentar um desconhecido. A gente espera que, de dentro do traje de astronauta futurista, saia uma criança. Mas não. A última versão do Asimo, o robô humanoide da Honda, surpreende pela naturalidade dos gestos.
Quando ele entra caminhando no salão de um hotel de Nova York, Asimo lembra um pequeno astronauta, com 1,30 metro de altura, trajado de branco e um capacete através do qual se pode ver dois grandes "olhos" negros e um sorriso.
- Olá, Nova York! Obrigado por vir hoje - diz o robô em inglês, repetindo a gravação de um adolescente de 16 anos.
Ele também consegue se expressar em linguagem de sinais e em japonês, uma das melhorias da nova versão. O Asimo ("Advanced Step in Innovative Mobility" ou "Passo Avançado em Mobilidade Inovadora") percorreu um longo caminho desde a sua primeira versão apresentada pela companhia japonesa em 2000, após 14 anos de pesquisas no setor.
A Honda organizou nesta quarta-feira uma demonstração em Nova York para divulgar os últimos avanços em sua pequena maravilha, com a qual pretende, algum dia, ajudar pessoas com necessidade de assistência em tarefas diárias, por exemplo idosos com dificuldades motoras.
O novo modelo, que pesa 50 kg, é feito com liga de magnésio, resina plástica e outros materiais. Funciona com bateria recarregável de lítio e tem autonomia de 40 minutos.
O robô já conseguia caminhar, correr, subir e descer escadas, esquivar-se de objetos e reconhecer rostos humanos. Entre seus avanços estão uma destreza maior nas mãos (que têm a configuração das mãos humanas), correr em duas velocidades diferentes (até 9 km/h), subir escadas com mais facilidade, pular e se equilibrar num pé só.
O Asimo tem sensores cada vez mais desenvolvidos, o que permite executar cada vez mais ações e se movimentar com mais agilidade. Em frente a uma mesa com uma garrafa e um copo, o robô reconhecerá a garrafa, pegá-la nas mãos, abri-la e servir o líquido no copo, em uma ação coordenada. Também é capaz de subir escadas sem parar diante dos degraus e bater em uma bola com força depois de uma corrida de dois passos.
No entanto, o uso do Asimo como auxiliar no lar para pessoas com dificuldades motoras ou em locais públicos ainda vai demorar "vários anos", admite Satoshi Shigemi, engenheiro-chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Honda e encarregado do setor de robótica humanoide.
- O Asimo precisa se adaptar às pessoas, a qualquer tipo de situação, a distinguir o movimento nas pessoas. Esse é o nosso desafio. Precisamos trabalhar nessa função - explicou o encarregado da Honda, que ofereceu um exemplo prático das limitações do robô, ainda incapaz de detectar se uma pessoa se aproxima para interagir com ele ou simplesmente está passando ao seu lado.
De forma mais ampla, Shigemi disse ser necessário "entender o que as pessoas esperam de Asimo e o que as pessoas querem que Asimo faça".
O Japão é um dos países mais avançados no campo da robótica: autômatos trabalham em equipe nas fábricas cada vez mais perto das pessoas e inclusive os acompanham em casa, da cozinha aos dormitórios.
Entre as criações japonesas está Kirobo, um pequeno androide japonês enviado à Estação Espacial Internacional para acompanhar um astronauta compatriota.