Uma espécie extinta de ornitorrinco gigante, devorador de rãs e tartarugas, foi identificada na Austrália a partir de um dente fossilizado, anunciaram cientistas americanos e australianos em artigo publicado no periódico Journal of Vertebrate Palaeontology.
Dotado, assim como seus primos atuais, de boca em forma de bico de pato, pelagem grossa, patas e cauda como as do castor, este ornitorrinco carnívoro, denominado Obdurodon tharalkooschild, viveu entre 5 e 15 milhões de anos atrás.
Ele media cerca de um metro, duas vezes o tamanho de um ornitorrinco contemporâneo, único sobrevivente conhecido de sua espécie.
O espécime foi identificado a partir de um único molar, descoberto por Rebecca Pian, doutoranda da Universidade de Columbia em Nova York no sítio fossilizado de Riversleigh, no estado australiano de Queensland (nordeste).
- A descoberta desta nova espécie foi um choque para nós porque até agora os fósseis à nossa disposição sugeriam que a árvore genealógica dos ornitorrincos era relativamente linear - comentou Michael Archer, da Universidade de Nova Gales do Sul.
- Sabemos agora que havia ramificações laterais desta árvore, entre as quais um tipo de gigante - acrescentou.
Os cientistas sempre pensaram que o ornitorrinco tivesse perdido seus dentes e diminuído de tamanho devido à evolução, sem imaginar que uma subespécie poderia ter conservado estas características ou que pudesse existir um ramo distinto, que poderia ter vivido em épocas mais "recentes".
- A nova espécie era essencialmente aquática, como seu primo contemporâneo, vivia ao redor de pontos d'água nas florestas que cobriam a região na época - explicou Suzanne Hand, da Universidade de Nova Gales do Sul.
Provavelmente, eles se alimentavam de caranguejos e peixes, assim como de pequenos vertebrados como as rãs e as tartarugas, dos quais foram encontrados fósseis no mesmo sítio.
Animal noturno e bravio, o ornitorrinco, um ovíparo (que põe ovos) só é encontrado hoje no leste da Austrália. Ele se alimenta de vermes, insetos e pequenos crustáceos.
São inofensivos, à exceção das patas dos machos adultos, recobertas com espinhos que têm um veneno paralisante que pode ser "incrivelmente doloroso" para o homem, afirmou Michael Archer.
- Se você multiplicar a densidade de veneno por dois ou três para um indivíduo muito maior (que o ornitorrinco atual), você começa a ver este indivíduo como um predador - continuou.
Segundo Acher, o fóssil mais antigo da espécie, com 61 milhões de anos, foi encontrado na região meridional da América do Sul.