
Dificilmente poderemos clonar um mamute da mesma forma com que foi criada a ovelha Dolly, mas, com a ajuda de óvulos de elefantas, o feito pode ser atingido se transformarmos células de carcaças de mamutes em células-tronco. A ideia, publicada nesta quarta-feira na revista científica The Conversation, foi proposta pelo embriologista inglês Ian Wilmut, líder da equipe que, em 1996, anunciou Dolly como o primeiro mamífero clonado.
O método sugerido por Wilmut lembra algo do filme Jurassic Park: o uso de técnicas modernas que permitem a criação de células-tronco a partir de outras células. Em diversas espécies, a introdução de certas proteínas podem dar características de células-tronco em células como as da pele. Essas células-tronco podem ficar por longos períodos no laboratório sem perder a habilidade de criar todas as formas de tecido do corpo.
- Seria uma oportunidade extraordinária, comparar as células dos mamutes com as de elefantes. Esse conhecimento seria de um interesse biológico fundamental. Permitiria que começássemos a responder questões grandiosas. Quais são as diferenças entre as células e tecidos dessas espécies? Quais são as similaridades? O mamute vivia num clima diferente, então o metabolismo das células dele era diferente? Será que essa informação ilumina as causad da extinção dos mamutes? - se pergunta Wilmut.
O cientista afirma que o procedimento poderia ser induzido para formar gametas. Se as células forem de uma fêmea, isso significa a possibilidade de criar óvulos, e daí se seguiria a clonagem. No caso de um macho, seria recriado o esperma, que então ferilizaria um óvulo de elefanta para produzir um embrião de mamute. Dessa experiência, considera Wilmut, poderia até mesmo sair um animal híbrido, como a mula.
Demonstrando empolgação com um futuro de "grandes descobertas e avanços", o embriologista também reconhece que é preciso considerar o bem-estar dos animais.
- Mamutes viviam em climas frios, enquanto seus parentes contemporâneos, incluindo as possíveis "mães", vivem em regiões quentes. Seria essencial prover a mãe e o clone com temperatura, umidade e dieta apropriadas. É quase certo que seria necessário mantê-los em cativeiro, então seria essencial provê-los com o melhor ambiente possível, idealmente habitado por outros elefantes, mamutes ou híbridos que garantem interação social para o animal - diz Wilmut.
No início do mês, a carcaça mais preservada de um mamute já encontrada foi exibida em Yokohama, no Japão. Os restos da filhote Yuka, que viveu há 39 mil anos, foram encontrados na Rússia. Os mamutes rondaram a Terra há dezenas de milhares de anos, no período Pleistoceno. Eles começaram a desaparecer na América do Norte e no então continente de Eurásia há cerca de 10 mil anos, provavelmente devido à caça e a mudanças climáticas.