
A partir deste ano, o Rio Grande do Sul contará com duas escolas de referência no combate ao racismo. O anúncio foi feito pela secretária da Educação do RS, Raquel Teixeira, nesta quinta-feira (13), em evento em São Paulo (SP). Ela foi uma das convidadas no Encontro Anual Educação Já 2025, promovido pelo Todos Pela Educação.
Segundo a titular da Seduc, duas instituições irão adotar o modelo: a Escola Estadual de Ensino Médio Professor Tolentino Maia, em Viamão, e o Colégio Estadual Francisco Antônio Vieira Caldas Júnior, em Porto Alegre.
Tratam-se de unidades da rede que irão implementar ações e modelo pedagógico focado em relações étnico-raciais, para garantir a permanência e o sucesso acadêmico de alunos negros, tendo em vista as desigualdades que assolam o Estado.
A cada cem alunos que ingressam nas escolas gaúchas no Ensino Fundamental, 53 abandonam a trajetória escolar em algum momento, segundo Raquel. O dado é do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
— Para mim, ter uma escola de referência antirracista é uma fase transitória, que espero que acabe. Eu quero uma escola boa para todos, que não precisa especificar se é para um ou outro — afirma Raquel.
A secretária destacou que trata-se de um modelo piloto que, se render bons resultados, será implementado em outras instituições de ensino da rede. A iniciativa prevê promover um “ambiente educacional voltado para altas expectativas de aprendizagem, equidade, combate ao racismo e valorização da diversidade”.
Entre os princípios adotados estão:
- fortalecer identidade e direitos
- disseminar a consciência política e histórica da diversidade
- ações educativas e assegurar os direitos de aprendizagem
- redução das desigualdades educacionais
Desde 2022, a Seduc conta com seu Programa de Educação Antirracista, que busca enfrentar as disparidades de aprendizagem entre estudantes de diversas origens étnico-raciais.
O governo do Estado aderiu, junto aos 497 municípios gaúchos, à Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (PNEERQ), do governo federal. O programa recebe inscrições até esta sexta-feira (14).
Painel sobre equidade
A implementação da PNEERQ foi tema de um painel no encontro anual. Além de Raquel Teixeira, participaram do painel a secretária de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão do MEC, Zara Figueiredo, e a pesquisadora Petronilha Beatriz Gonçalves, da Universidade Federal de São Carlos.
— Que sejamos valorizados pelas nossas diferenças, e não só por aquilo em que somos iguais. Somos um povo diverso, fisicamente, culturalmente. Temos que valorizar o que temos de diferente para construir um projeto comum. Continuemos nesta luta e que sejamos exitosos na construção de uma nação brasileira em que todos se sintam incluídos, participantes e contribuintes — afirmou Petronilha .
*A repórter viajou a convite do Todos Pela Educação.