A equipe de robótica Construtores SH, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Saint Hilaire, de Porto Alegre, irá enfrentar um novo desafio: o campeonato First Lego League Challenge, em Brasília, que ocorre entre os dias 12 e 15 de março de 2025. Para o evento, o grupo de alunos do bairro Lomba do Pinheiro, zona leste da Capital, abriu uma vaquinha online com a meta de juntar R$ 15 mil.
O valor será utilizado para custear recursos extras que são necessários para a competição. Será a segunda ida do grupo para a capital do país.
Desde 2007, a escola possui uma equipe de robótica, que faz parte do quadro de atividades extracurriculares da instituição. As aulas ocorrem semanalmente, de terça a sexta-feira, e conta, hoje, com 20 participantes.
Bruno Santos, 34 anos, é técnico dos Construtores SH desde 2019 e percebe a diferença que a robótica gerou na vida dos estudantes:
— Quando eu comecei a trabalhar com a robótica, a gente tinha muito ela como uma nova ferramenta de aprendizagem. E com o passar do tempo, vi que, mais do que uma ferramenta de aprendizagem, é uma ferramenta de transformação social.
Os responsáveis pela equipe já estão em contato com a prefeitura de Porto Alegre para a aquisição das passagens aéreas para os alunos, feito que foi possível na competição do ano passado. O valor adquirido por meio das doações será destinado para outras necessidades da equipe, como a construção de um robô, material necessário para a competição.
Para contribuir com a equipe, é possível acessar o link gzh.digital/construtores_sh, ou seguir o perfil no Instagram do projeto (@construtoressh) e ajudar a divulgar.
Premiações
A dedicação da equipe é percebida no desempenho em competições. Em 2019, o grupo conquistou o terceiro lugar no campeonato First Lego League Challenge, podendo disputar a etapa nacional, em São Paulo. A participação só foi possível com o auxílio de vaquinhas e doações, além do apoio financeiro de professores.
Nos anos seguintes, entre vitórias e perdas, a equipe seguiu focada em participar de competições, melhorando sua atuação. A grande conquista aconteceu na temporada de 2023/2024, quando foram para Brasília pela primeira vez e lá subiram ao ponto mais alto do pódio.
A série de vitórias da Construtores SH seguiu por todo o ano de 2024, com a conquista de quatro prêmios na etapa regional do torneio de robótica. Entre essas premiações, Bruno foi escolhido como técnico destaque no RS.
— Costumo dizer que a vida é como se fosse uma pista de corrida. Algumas pessoas, que têm mais oportunidade, correm pela raia de dentro. Os nossos alunos, por serem de uma comunidade periférica e estarem a 22 quilômetros do centro da cidade, correm por fora. Eles precisam correr muito mais. Apesar disso, são capazes de chegar onde quiserem — enfatiza o professor.
Participando pela quarta vez da competição, a aluna Jenifer Alves, 15 anos, sente que a equipe Construtores SH se tornou uma grande família, por todo o apoio e incentivo que recebe diariamente:
— O maior aprendizado que eu tive durante os encontros da robótica é a valorização do esforço, tanto meu quanto dos meus colegas. Percebi que, independentemente de eu não estar tão motivada em determinado dia, meus colegas estão, então eu tinha que valorizar eles e me esforçar igualmente.
Solucionar desafios com a robótica
Com o tema do próximo campeonato nacional sendo “Submergir”, o foco é se aprofundar em um problema enfrentado pelas pessoas que exploram os oceanos. A partir de pesquisas e a escuta com diferentes profissionais, o intuito será abordar sobre a questão da exposição ao sol desses profissionais e a agressão do protetor solar ao ecossistema marinho.
Jenifer está esperançosa com o desempenho da equipe na competição de março, em Brasília, pois avalia que o esforço que tiveram ao longo do ano será recompensado.
— Minhas expectativas estão bem altas. Eu acredito no nosso potencial, em todo o esforço que nosso técnico teve e em toda dedicação que muitos colegas tiveram — relata a aluna.
O técnico destaca que é muito importante os alunos participarem de competições e perceberem que o potencial de cada um deles pode levá-los a caminhos grandiosos.
— Através da robótica, eles conseguem enxergar que existe vida fora da Lomba do Pinheiro. Porque muitos deles são criados ali, passam o tempo inteiro ali, e desconhecem muitas oportunidades. E com a robótica a gente consegue mostrar para eles isso — destaca o professor.
Produção: Ana Júlia Santos