Em quase 50 anos desde sua fundação, em 1973, o Instituto Roche já ensinou a língua francesa para mais de 100 mil alunos. Quem estima é Aline Roche, neta dos fundadores e atual diretora administrativa da escola. A metodologia aplicada não apenas é exclusiva, como foi criada pelo fundador, Alexandre Roche, com base em seus conhecimentos da cultura do país.
Monsieur Alexandre e madame Graziella Roche nasceram em uma comunidade francesa na Alexandria. Mas precisaram deixar o lugar às pressas, apenas com a roupa do corpo, quando o governo do Egito nacionalizou a Companhia do Canal de Suez, expulsando os franceses do país.
Depois de uma temporada na França, vieram para o Brasil em busca de uma nova vida. Primeiro, no Rio Grande do Norte, onde um irmão de Graziella plantava algodão. Em seguida, no Rio Grande do Sul, lugar que o conhecimento de Alexandre foi requisitado para que ensinasse francês e a cultura do seu país em terras brasileiras.
Depois de rodar também pelo Rio de Janeiro, desembarcaram em solo gaúcho em busca de um clima mais parecido com o que estavam acostumados. E foi assim que criaram, em Porto Alegre, o Instituto Roche.
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O primeiro endereço era na Rua Uruguai. Após 14 anos, em 1987, a sede foi transferida para onde está até hoje, na Rua Ramiro Barcelos 1517. O local, então, se tornou ponto de encontro para estudiosos à procura de cultura geral ou de objetivos específicos, como a aprovação na prova do Instituto Rio Branco, que prepara os diplomatas brasileiros.
– Infelizmente, ninguém mais conseguiu reproduzir este curso – lamenta Aline, ressaltando a capacidade ímpar que o avô tinha de armazenar e transmitir conhecimento.
Ao longo de quase cinco décadas, o instituto criou e cultivou muitas tradições. A secretária Analice Pesenatto, por exemplo, é quem recebe os alunos há quase 30 anos. A relação é tão amigável que uma confraria foi criada para reunir quem passa por aquelas salas.
Com a pandemia, foi preciso se reinventar. Em 15 dias, Aline e a equipe estruturaram o ensino remoto e as aulas não apenas continuaram, como foram muito bem avaliadas pelos alunos. Além disso, ex-alunos que hoje vivem em outros países voltaram a se matricular porque viram a oportunidade de se ligar novamente ao instituto, com a mesma qualidade de ensino.
– Os professores todos seguem o método criado por meu avô. Os textos carregam a perspicácia e a sagacidade que ele tinha – orgulha-se Aline.
Em entrevista, ela lembra da história de seus avós e fala do desafio de preservar esse legado.
Como é a sua relação com a escola?
Na minha família, a língua francesa sempre foi falada. Desde que nasci sempre tive contato. Estudei no instituto desde que eu pude, porque o método não é para criança. Ingressei aos 16 anos. Sempre fomos uma família muito unida e meu convívio com os avós era praticamente diário. Sempre me interessei pela escola. Mesmo sendo psicóloga e atuando também nessa profissão, a parte administrativa da escola sempre foi meu paralelo.
Comecei como ajudante da secretária, fui aprendendo todas as rotinas. Às vezes, reclamava para meu avô de tarefas que, na época, não faziam sentido para mim. No entanto, não notava o quanto ele estava me ensinando para assumir um cargo de maior responsabilidade no futuro. Era um gênio, então fazia tudo isso de uma maneira muito sutil.
Quando meu avô faleceu, em 2011, minha avó fez questão de assumir tudo. Continuei dando suporte, mas em 2016 ela também veio a óbito. Resolvemos, então, que o legado não iria se perder. Dessa forma, continuamos com o Instituto e tudo que ele sempre promoveu para os alunos. Desde que assumi a gestão, esta tem sido a meta, acompanhada de perto de minha mãe Dominique, atual proprietária.
Mesmo tendo familiaridade, tornar-se responsável por tudo é diferente?
Foi um desafio, mas ao mesmo tempo estávamos calcadas em algo muito rico, que é a metodologia. Nossos professores não precisam criar aulas. O método é rígido no sentido de que o professor não é monitor, porque precisa transmitir todo seu conhecimento por meio daquele material. Mas o conteúdo de cada uma das aulas é pré-fixado.
Eu sempre tive tranquilidade e acho que esse é o maior legado: que todo o conhecimento que meus avós puderam colocar formalmente nessa metodologia, eles colocaram. Foram anos e anos vendo o que funcionava, em que ordem.
O que eu faço é manter essa forma de ensino, sempre estando junto dos professores para que eles entendam a importância de dar aula daquela forma. Tem professores que são geniais na sua forma de ensinar o francês, mas não se adaptam ao método. No Instituto é para ensinar o método Roche. Existem milhares de jeitos. Nós ensinamos o método Roche.
Quais os diferenciais do método Roche?
A formação é feita em uma velocidade bem grande. Um resultado que levaria em torno de 150 horas, conseguimos alcançar em 32. Isso é totalmente creditado ao método, que leva a gramática, a oralidade e a escuta de uma maneira muito intensa e aprofundada, com conexões entre os tempos verbais e regras gramaticais.
Quando o aluno se deu conta, já começou a pensar em francês, muito cedo. Esse mergulho na língua, na cultura francesa, os exercícios e o roteiro do método fazem com que essa compreensão se torne realmente orgânica e o aluno aprenda em uma velocidade e com uma consistência enorme.
O que a escola vê no horizonte para os próximos anos?
Estamos passando por esse evento tão complexo na vida de todos nós, que é a pandemia, mas que nos ensinou que contatos, viagens e conhecimento cultural são nossas maiores riquezas. Espero que o Instituto possa contribuir para pessoas que queiram ampliar seus horizontes, com viagens aprofundadas, por exemplo, tenham oportunidade de conhecer não apenas o Louvre, mas museus menores que falamos em nossas aulas.
Somado as viagens, outro objetivo do Instituto é que os seus alunos possam ser aprovados em provas de proficiências e estejam aptos a ingressar em faculdades como as da França, Canadá, Bélgica ou Suíça com um processo de imigração facilitado pelo conhecimento da língua nativa.
Outra vantagem que podemos citar é a leitura de livros clássicos (como Molière, Rousseau, Vitor Hugo) e contemporâneos na língua original, além da possibilidade de assistir a filmes concorrentes no Festival de Cannes, sem legenda.
Esperamos que o Instituto Roche seja a ponte para que muitos alcancem seus objetivos, assim como milhares já fizeram. Essas pessoas poderão buscar mais sobre o legado do monsieur Roche como humanista e uma pessoa que defendia, em sua essência, a liberdade, a igualdade e a fraternidade de uma maneira muito real.
O Instituto Roche permanece na Rua Ramiro Barcelos, 1517/202 com atendimento pelo WhatsApp através do número (51) 99250-7779.
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