
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira (20) que o aumento de um ponto porcentual na taxa Selic, realizado na quarta-feira (19) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), estava "contratado" desde dezembro, quando o Banco Central ainda era presidido por Roberto Campos Neto. A declaração foi feita durante o programa Bom Dia, Ministro, da EBC.
— Você não pode, na presidência do Banco Central, dar um cavalo de pau depois que se assumiu. O novo presidente e os novos diretores têm uma herança a administrar, mais ou menos como eu tive uma herança a administrar em relação ao Paulo Guedes, ex-ministro da Economia — declarou Haddad.
As declarações de Haddad fazem referência ao atual presidente do BC, Gabriel Galípolo, que assumiu o cargo em janeiro e foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em dezembro, o Copom aumentou a Selic em um ponto e indicou mais duas altas da mesma magnitude, em janeiro e em março. Nesta quarta-feira (19) o comitê elevou os juros a 14,25%, a maior desde outubro de 2016, e sinalizou pelo menos mais um aumento, "de menor magnitude", em maio.
O ministro acrescentou que tanto a diretoria do BC, quanto os técnicos da autarquia são "muito respeitáveis", qualificados e "vão fazer o melhor pelo país."
Disse, ainda, que o governo aprovou um ajuste fiscal relevante no fim de 2024 e está cumprindo o arcabouço fiscal e buscando cumprir a meta de resultado primário, assim como o BC tem de cumprir a meta de inflação.
— Assim como eu tenho a meta fiscal para cumprir, que é aprovada pelo Congresso Nacional, o Banco Central tem a meta cumprir, que é a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. São metas sempre exigentes, mas que nós temos que buscar — disse.
O que é a taxa Selic
A taxa básica de juros, a Selic, é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia, incluindo empréstimos e quase todos os tipos de investimentos.
Ela é o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle.