Com o Produto Interno Bruto (PIB) anotando alta de 1,4% no segundo trimestre, acima do esperado, cresce a aposta do mercado em economia fechando 2024 com crescimento próximo dos 3%.
Mesmo com desaceleração projetada para os próximos trimestres, economistas ouvidos pela reportagem de Zero Hora afirmam que os resultados registrados até agora abrem espaço para esse cenário.
O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, afirma que parte do ritmo da atividade atual é transmitido para o próximo período, permitindo estimativas mais otimistas:
— Nessas condições, tem o chamado carry over. Se não tiver mais nenhum crescimento daqui para frente, no terceiro e quarto trimestre, o Brasil já vai crescer 2,5% no ano.
Agostini ressalta que, com o resultado do segundo trimestre, a agência de classificação de risco manteve viés de alta e ajustou a projeção de PIB em 2024 de 1,9% para 2,8%.
A professora de Economia do Insper Juliana Inhasz também afirma que o desempenho do segundo trimestre coloca as projeções de PIB mais próximas dos 3% ao ano. No entanto, alerta para perigos que seguem no radar, como estiagem e custo da energia elétrica no país. Isso, somado à perda de força em ações de transferência de renda, cria ambiente para desaceleração da economia no segundo semestre. Assim, a especialista não enxerga espaço para PIB de 3%:
— Acho que a gente deve ter um PIB um tanto maior, um pouco maior do que aquele que se previa. Talvez perto de 2,6%, 2,7%.
Ao comemorar o PIB do segundo trimestre, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que esse resultado deve fazer com que o governo promova nova estimativa de arrecadação de receitas. O ministro também projetou PIB acima de 2,8% no ano:
— Nós vamos, provavelmente, reestimar o PIB para o ano que, pela força com que vem se desenvolvendo, pode superar 2,7%, 2,8%, e há instituições que já estão projetando PIB superior a 3%. Isso pode ensejar uma reprojeção de receitas para o ano que vem.
Como o PIB acima do esperado reforça o viés de alta de consumo e demanda, os especialistas afirmam que a tendência de alta do juro ganha ainda mais força. Resta a dúvida agora sobre o patamar de elevação e quando isso deve ocorrer.
— Acho que o mercado já está muito pacificado com duas coisas. A primeira é que o juro não cai mais este ano, e a segunda é que ele tem uma probabilidade muito grande de alta — pontua a professora do Insper.