Adversários do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, dentro do governo federal, passaram a admitir a possibilidade de o dirigente ficar à frente da estatal desde que aceite determinadas condições, segundo os jornais O Estado de S. Paulo e O Globo.
Em conversa telefônica no domingo entre o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o auxiliar sugeriu “mudanças de comportamento” por parte de Prates para que permaneça no comando da petrolífera.
De acordo com O Estado de S. Paulo, são quatro itens que Silveira destacou a Lula, que não revelou se vai demitir o atual presidente da Petrobras.
O primeiro: Prates ser “menos subserviente ao mercado financeiro”. Em segundo lugar, defender pautas de interesse do governo federal no conselho de administração da estatal (para Silveira, isso não está ocorrendo).
Terceiro: cumprir o plano de investimentos da companhia aprovado por Lula – o ministro avalia que a estatal freia ações em refino e em gás e fertilizantes. Por fim, Prates deveria “deixar de sabotar” a pauta de biocombustíveis no Congresso – ele já mostrou ser contrário ao texto em debate.
O projeto de lei estabelece a elevação gradual da mistura de biodiesel ao diesel, atualmente em 14%, chegando a 20% em 2030. A proposta é articulada por Silveira e pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa.
O aumento gradual do biodiesel é defendido pelo agronegócio — a soja é matéria-prima do biodiesel. Já Prates entende que também haja um percentual mínimo para o diesel coprocessado, produzido pela Petrobras.
Silveira e Rui Costa se uniram contra Prates na decisão da Petrobras, em março, de não pagar dividendos extraordinários. O presidente da estatal defendia o repasse de 50%. Agora, avalia-se dentro do governo o desembolso de algum percentual que irá ajudar o governo na busca da meta de déficit zero.
No domingo, Lula teria conversado também sobre a situação na Petrobras com Rui Costa e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad — ambos em ligações telefônicas. Inicialmente, o presidente havia convocado uma reunião para discutir a crise envolvendo a Petrobras, em meio aos ruídos sobre a possibilidade de saída de Prates, na noite do domingo, mas cancelou após ficar irritado com o vazamento do encontro.
Arranjo
Desde a semana passada, passou a se especular em Brasília quem poderia assumir o posto. O nome do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, aparece, até o momento, como o mais cotado. Não está descartada, no entanto, a possibilidade de manutenção do atual presidente da Petrobras no cargo e de costura de um “meio-termo” para apaziguar os ânimos entre integrantes do governo.
Um arranjo alternativo seria Mercadante na presidência do conselho de administração da estatal, mediando conflitos entre a diretoria e demais integrantes indicados pelo Poder Executivo, enquanto Prates manteria o cargo na presidência da empresa, mas com foco na parte operacional da companhia.