Embaixador do Brasil na Alemanha desde 2019, o diplomata Roberto Jaguaribe afirma que o governo alemão nunca esteve tão comprometido com o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. O tratado foi anunciado há quatro anos, mas ainda não há consenso entre os blocos a respeito dos termos das negociações.
Nesta sexta-feira (6), palestrando a uma comitiva brasileira em Düsseldorf, o embaixador garantiu que a Alemanha está "genuinamente interessada" em concluir o acordo.
— Sem a Alemanha, é impossível fazer. Com a Alemanha não é certo, mas é possível, e eu diria provável. O presidente (Lula) vem para cá no final do ano, e há expectativa de que aqui seja o empurrão final para que isso possa efetivamente ser aprovado.
O diplomata discursou no seminário de abertura da missão prospectiva brasileira à Feira Anuga, maior do mundo no ramo de alimentação e bebidas, que será aberta neste sábado (7), em Colônia, que fica a cerca de 40 quilômetros de Dusseldorf. A comitiva, integrada por cerca de 80 participantes, é liderada pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Após o pronunciamento, o embaixador brasileiro reforçou, em entrevista, que os alemães tem dado sinais positivos a respeito do acordo:
— Nunca vi o governo alemão tão unanimemente comprometido. Havia uma resistência do grupo dos Verdes e recentemente fui fazer uma apresentação a convite dele em um think thank verde. A última palavra do presidente da organização disse que espera ver o acordo fechado até o fim do ano.
O Partido Verde é uma das agremiações que compõem o governo alemão, ao lado dos sociais-democratas (SPD), legenda do primeiro-ministro Olaf Scholz, e dos liberais (FDP).
Jaguaribe ainda citou como ponto positivo para o avanço nas negociações a redução de 48% no desmatamento da Amazônia até agosto de 2023, na comparação com igual período de 2022.
Para o presidente da Fiergs, Gilberto Petry, que lidera a missão brasileira a Anuga, ponderou que a assinatura do acordo é discutida desde 2017. Um dos motivos do impasse, aponta Petry, é a força do Brasil na exportação, sobretudo no agronegócio.
— Eles ficam botando uma série de empecilhos, mas vamos passar por cima. Vamos nos tornar (Brasil) o maior exportador de alimentos do mundo — projeta Petry, também otimista na celebração do acordo.
A missão brasileira à feira Anuga se estende até o encerramento do evento, na quarta-feira (11).
*O jornalista viajou a convite da Fiergs