Porto Alegre sediará pela primeira vez a ExpoFavela, evento que traz o debate sobre empreendedorismo nas favelas brasileiras. Entre os dias 1º e 2 de setembro, no Centro de Convenções da PUCRS, em Porto Alegre, o evento contará com palestras, workshops, rodadas de negócios e uma feira de produtos e serviços.
O presidente da Central Única das Favelas (Cufa), Celso Athayde, em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta terça-feira (25), destacou a importância do evento para além do universo da periferia.
— A gente está fazendo, na verdade, esse grande encontro entre empreendedores da favela e do asfalto. A gente espera que as pessoas se inscrevam (o prazo termina dia 15 de agosto), mas a gente não quer apenas que as pessoas de favelas tenham interesse nessa iniciativa, a gente quer construir esse encontro .
Athayde afirmou que a ExpoFavela é uma oportunidade para os empreendedores das favelas mostrarem seus produtos e serviços para um público mais amplo. Ele também destacou que o evento é uma forma de promover a inclusão social e econômica das favelas.
— A gente começou a fazer essa ação em São Paulo, a gente teve um número bastante expressivo, foi tão expressivo esse número que a gente bateu 33 mil pessoas no primeiro ano, 40 mil no segundo ano e resolvemos fazer esse ano agora em todo o país — disse o CEO da Favela Holding, que completou:
— Então a gente está fazendo nesse ano em 20 Estados e já anunciamos e lançamos no mês passado em Paris, Nova York e Lisboa. Ou seja, as favelas são parecidas no mundo inteiro, elas podem ter nomes diferentes, elas podem ter estéticas diferentes, mas periferia é periferia, em qualquer lugar onde existe desigualdade, haverá de existir também pessoas lutando por equilíbrio social.
A ExpoFavela é uma iniciativa importante para o empreendedorismo nas favelas. O evento tem o potencial de conectar empreendedores com investidores e empresas, o que pode ajudar a impulsionar o desenvolvimento econômico das favelas.
Além disso, o evento é uma forma de promover a visibilidade das favelas e de seus empreendedores. O evento pode ajudar a quebrar os preconceitos e a estigmatização das favelas, e a mostrar que as favelas são lugares de criatividade, inovação e empreendedorismo.
— O que nós estamos fazendo na verdade é usar a nossa metodologia, as nossas relações, o nosso network mesmo nesses territórios, os nossos ativos, quando você pega o Júnior Torres, que toca juntamente com o Rogério de Monte Negro, tantas outras pessoas que fazem parte da Cufa durante esses anos todos, quando a gente pega essas pessoas, elas já têm trabalhos aí, então eu acho que o que o Estado está fazendo, a Prefeitura está fazendo, as empresas podem fazer é aproveitar esse ativo que nós temos de relacionamento com essa população em uma linguagem específica para poder apresentar agora esses fundos de investimento — afirmou Athayde.
Celso Athayde também lembra que as favelas não são compostas por pessoas carentes, mas com desvantagem econômica e que é preciso que os moradores dessas regiões percebam as suas potências:
— O que acontece é que as pessoas vão trabalhar um pouco mais, não são pessoas carentes, têm na verdade uma desvantagem econômica, pode ter baixa renda, mas essa renda existe e todas as empresas querem ter acesso a esses recursos, então o que nós estamos propondo é que essas pessoas percebam a sua potência e comecem a se perceber como pessoas potentes, porque do contrário vai ser sempre aquela mesma lógica, o asfalto e os asfaltistas, e os homens do asfalto olhando a favela como se fosse um grande laboratório, eles se intitulando os cientistas e os favelados são os camundongos, que ficam ali na condição de carente, e nós não somos carentes.