Parte da Companhia de Gás do Rio Grande do Sul (Sulgás) foi arrematada nesta sexta-feira (22) pela Compass, em leilão realizado na B3, em São Paulo, por R$ 927,8 milhões. A parcela privatizada corresponde aos 51% da participação que o governo do Estado tinha na companhia. Agora, a expectativa é de que a gestão privada amplie a malha de gasodutos, aumentando a oferta de gás natural canalizado no Rio Grande do Sul.
Na avaliação do governo do Estado e de especialistas do setor, existe uma demanda reprimida pela pouca oferta do insumo. A projeção é de que novos investimentos privados possam imprimir ritmo mais forte na expansão da infraestrutura, chegando a mais consumidores.
Atualmente, a rede de distribuição da Sulgás está concentrada eixo Porto Alegre-Caxias do Sul, em malha que soma 1.355,1 quilômetros. A empresa atende 42 municípios gaúchos e 68.116 clientes. Mas poderia crescer mais.
Por restrições logísticas, o secretário-chefe da Casa Civil do Rio Grande do Sul, Artur Lemos, explica que a companhia comercializa há mais de 20 anos o mesmo teto de 2 milhões de metros cúbicos de gás por dia.
— Trazemos o apetite do setor privado para que nós ampliemos o alcance deste insumo, do gás natural, em substituição a outros energéticos, que inclusive demandam e têm componente ambiental um pouco mais prejudicial — diz Lemos.
— Outra possibilidade que se abre com um player privado é questão da diluição de custos e despesas fixas da Sulgás. À medida que ela vai ganhando escala, possibilita que vá sendo cada vez mais competitiva e esse gás chegue com um custo cada vez menor também para os seus clientes. Existe um benefício para todo o mercado consumidor de nos próximos anos perceber uma redução no custo do gás chegando na conta final — projeta André Trein, sócio da Bateleur.
Os especialistas avaliam que até mesmo nas regiões já contempladas pela distribuição ainda existam ramais a serem construídos. Fora a demanda industrial, que justificaria o investimento pela quantidade distribuída, e o atendimento a outras regiões que sejam bons mercados.
Atraindo a indústria, ou seja, grandes consumidores com volume maior, pode-se justificar um cliente âncora em determinada cidade e a partir disso capilar a rede e ampliar o número de consumidores, exemplifica o pesquisador do Centro de Regulação e Infraestrutura da Fundação Getulio Vargas (FGV CERI), Diogo Lisbona.