Após um pedido do governo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), retirou a medida provisória 1.000, do auxílio emergencial, da pauta do dia, e ressaltou a responsabilidade do governo de Jair Bolsonaro na falta de avanço em programas sociais e fez uma série de críticas ao Palácio do Planalto. Maia afirmou ainda que será um "leal adversário do presidente da República naquilo que é ruim para o Brasil".
Ele discursou na tribuna da Câmara, após o líder do governo na Casa, Ricardo Barros (PP-PR), pedir a retirada de pauta da medida provisória.
A proposta foi pautada por Maia, na noite da quinta-feira (17), quando Bolsonaro cobrou de Maia o fato de os beneficiários do Bolsa Família não receberem o 13º neste ano, embora o governo não tenha enviado nenhuma proposta ao Congresso para garantir o benefício a mais em 2020.
— Mais um episódio ocorrido ontem quando, infelizmente, o presidente da República mentiu em relação a minha pessoa. Aliás, muita coincidência, a narrativa que ele usou ontem e a narrativa que os bolsominions usam há um ano comigo, em relação as MPs que perdem a validade nessa Casa, é a mesma narrativa. A narrativa que eu deixei caducar a MP do 13º é a mesma de hoje. Peguem as redes sociais dos extremistas e vocês vão ver — disse Maia.
Para ele, o Palácio do Planalto faz uma articulação conjunta para desqualificar e desmoralizar a imagem dos adversários do presidente da República. Maia disse que Bolsonaro acabou sendo desmentido pelo seu próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, que disse que não há recursos para o 13º do Bolsa Família. Ele ressaltou que fazia o discurso justamente para resguardar a imagem do parlamento contra ataques de narrativas.
"Fuga de responsabilidade"
Por algumas vezes em seu discurso, Maia disse que Bolsonaro foge da sua responsabilidade ao ser eleito presidente do Brasil.
— Quando você disputa uma eleição para ser presidente do Brasil, você assume a responsabilidade de dar um norte do nosso País. Infelizmente não é o que tem acontecido nos últimos dois anos — comentou.
"Falta de coragem"
Para Maia, falta coragem ao presidente para se discutir o benefício social e ele lembrou que foi o Palácio do Planalto que "obrigou ou indicou" o relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial, senador Márcio Bittar (MDB-AC) a não incluir em seu texto os gatilhos ao teto de gastos.
— Garantimos o país funcionando, porque o negacionismo do governo e a depressão do ministro da Economia fizeram com que o parlamento assumisse esse papel — disse Maia. —Foi importante o governo entrar em obstrução contra a MP 1000, isso está registrado na imprensa — completou.
"Do lado da democracia"
Como o Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) mostrou mais cedo, partidos da base do governo estavam preparados para impedir a votação da MP 1.000.
— Estarei onde sempre estive: do lado da democracia, contra a agenda de costumes que divide o Brasil, que radicaliza o Brasil, que gera ódio entre as pessoas. E como essa é a agenda do presidente, eu continuarei sendo um leal adversário do presidente da República naquilo que é ruim para o Brasil e serei um aliado do governo, e não do presidente do governo, nas pautas que modernizam o Estado brasileiro — disse Maia.
Maia afirmou ainda que está preparado para debater ao longo de janeiro a inclusão de mais brasileiros no Bolsa Família.