A Embraer e a Boeing anunciaram nesta segunda-feira (18) o novo nome do avião de transporte multimissão que pretendem vender em conjunto, por meio de uma joint-venture que está à espera da aprovação de órgãos regulatórios para operar. O KC-390 agora se chama C-390 Millennium.
O nome reflete a ideia central das duas empresas, que é apresentar o avião como uma solução do novo milênio, em oposição à idade de seu principal concorrente, o americano Lockheed C-130 Hércules, um projeto dos anos 1950.
Na feira Dubai Airshow, nos Emirados Árabes Unidos, foi anunciado também o nome da joint-venture: Boeing Embraer - Defense. O nome da fabricante americana ganha destaque devido a sua maior capilaridade no mercado mundial, ainda que a empresa brasileira tenha 51% das ações da nova empresa.
— O nome da nossa joint-venture reforçará a competitividade global e ampliará os mercados potenciais — afirmou em nota o presidente da Embraer Defesa, Jackson Schneider.
A joint-venture será uma das três empresas que sairão do acordo entre Boeing e Embraer, finalizado no começo deste ano e que aguarda aprovação de órgãos de defesa da concorrência. A Comissão Europeia é o foco de preocupações neste momento, já que o processo por lá está sendo objeto de escrutínio detalhado.
Além da joint-venture, a americana será dona de 80% da área de aviação comercial da Embraer, responsável por 46% de sua receita líquida no ano passado. Ela se chamará Boeing Brasil - Commercial, quando e se for aprovada para operar.
A operação custará US$ 4,2 bilhões (R$ 16,8 bilhões hoje) à fabricante, que enfrenta graves prejuízos com a crise envolvendo seu principal produto, o 737 MAX, cuja frota está no chão devido a falhas de software e treinamento que levaram a dois desastres.
Por fim, a Embraer remanescente seguirá como empresa focada em defesa, segurança e aviação executiva. Ela continuará como dona dos dois contratos já fechados de venda do C-390, 28 aviões para o Brasil (R$ 7,2 bilhões) e 5 para Portugal (R$ 3,75 bilhões).
O nome comercial do Millennium perdeu o K, que designa a capacidade de reabastecimento aéreo, para sublinhar capacidades diversas de transporte tático. Ele permanecerá sendo chamado KC-390 para os clientes que optarem por tal funcionalidade.
O maior avião militar já feito no Brasil começou a ser pensado no fim da década passada. Inicialmente, a Embraer havia proposto uma versão de seu bem-sucedido modelo E-Jet, mas a Força Aérea Brasileira (FAB) pediu basicamente uma aeronave nova.
Desde 2008, o país colocou R$ 5 bilhões no projeto de desenvolvimento, que serão devolvidos na forma de royalties de 3,2% sobre cada exportação. E, em 2009, foi fechada a encomenda de lançamento do produto.
Com dois incidentes sérios com protótipos e a recessão de 2015/2016 apertando o orçamento, o projeto teve atraso, mas conseguiu entregar o primeiro avião operacional à FAB neste ano — um que é considerado um feito no mercado aeronáutico.
O C-130, que tem 23 unidades voando no Brasil, é o alvo preferencial do novo avião, mas não só. A ideia da Embraer é ofertar também o modelo a países que operam frotas de cargueiros de maior porte, como o Boeing C-17 Globemaster, como uma solução complementar mais barata de voar.
O avião está posicionado para um mercado potencial de pelo menos 700 aeronaves nos próximos 20 anos.
— O Millennium irá liderar a próxima geração de aeronaves de transporte e mobilidade aérea — disse em comunicado o presidente da Boeing para a parceria com a Embraer, Marc Allen.