O ex-presidente do conselho de administração do Bradesco, Lázaro de Mello Brandão, 93 anos, morreu nesta quarta-feira (16) em São Paulo. Ele estava internado em um hospital para se recuperar de uma cirurgia. O executivo deixa mulher, três filhas e um neto.
Lázaro Brandão ocupava a função de presidente das empresas controladoras do Bradesco, onde atuou por 76 anos. Ele deixou a presidência do conselho do banco apenas em 2017, aos 91 anos e, mesmo depois de deixar o cargo, continuava a ir ao banco diariamente.
Brandão, que nasceu em 15 de junho de 1926 em Itápolis (SP), começou a carreira em 1942 na Casa Bancária Almeida & Cia., em Marília (SP), antes mesmo de Amador Aguiar, fundador do Bradesco. Em 1943, a Casa Bancária Almeida & Cia. se tornou o Banco Brasileiro de Descontos S.A., o Bradesco.
Ele foi presidente da diretoria entre janeiro de 1981 e março de 1999 e assumiu a presidência do conselho de administração em fevereiro de 1990. O executivo era considerado simples e criativo e era conhecido por dedicar jornadas de 12 horas diárias iniciadas antes da 7h ao longo de seis décadas – incluindo muitos sábados.
Brandão começou a carreira como escriturário e foi subindo de funções, atuando como responsável por contas correntes, gerente, diretor, até chegar a vice-presidente da instituição. Na década de 1980, foi escolhido por Aguiar para sucedê-lo na Presidência Executiva do banco. No dia a dia, ele cultivou uma das principais ideias de Aguiar, que era que os executivos do banco fossem simples a ponto de ser confundidos com correntistas.
Apesar de considerado cordato, tomou atitudes firmes em sua trajetória para defender o banco. Segundo relatos, impediu Alcides Tapias, então vice-presidente do Bradesco, de chegar à presidência executiva em 1996. A versão oficial é de que Tapias deixou o banco em busca de novos desafios. Nos bastidores, dizia-se que Brandão não queria ser substituído por ele.
Mas Brandão também nomeou seus dois sucessores no cargo: Márcio Cypriano (de 1999 a 2009) e, mais recentemente, Luiz Carlos Trabuco. À frente da presidência executiva, ele cancelou o limite de 65 anos para ocupar o cargo, em benefício próprio – embora tenha reintroduzido a norma ao deixar o posto. Permaneceu no cargo até 2017, quando foi substituído por Luiz Carlos Trabuco.
Apesar de afastado da presidência do banco, Brandão continuou a receber políticos em busca de avaliações sobre o futuro do país e também apoio eleitoral.