A indústria de seguros no Rio Grande do Sul cresceu nos sete primeiros meses de 2019 7,8%, em relação ao mesmo período do ano passado. O setor faturou no Estado R$ 10,3 bilhões, contra R$ 9,6 bilhões em igual período de 2018. O levantamento foi feito pela Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg) a pedido de GaúchaZH.
Apesar do bom desempenho, o crescimento foi menor que a média nacional, que ficou em 11,13%. No total, o setor arrecadou no país R$ 150,8 bilhões, contra R$ 135,4 bilhões da mesma época em 2018, sem considerar o setor de saúde e a arrecadação DPVAT.
O seguro de vida teve grande procura nos primeiros sete meses do ano no Rio Grande do Sul. O crescimento foi de 26,1%, num total de R$ 2,3 bilhões movimentados. Já no país, o aumento médio foi de 15,9%, com arrecadação de R$ 24,9 bilhões no país.
A médica Larissa Centeno, de 43 anos, conta que não gosta de dar chance para o azar.
— Eu tenho seguro de carro, de residência, de celular, de vida e de incapacidade para o trabalho — diz a médica, que considera o seguro de vida fundamental para não deixar os filhos desassistidos.
— Eu tenho dois filhos. Desde muito antes de ter filho, tanto eu, quanto meu marido, a gente sempre se preocupava com acontecendo algo conosco, não deixasse um certo desamparo financeiro para eles — relata a médica.
Assim como Larissa, o advogado Rodrigo Mussoi Moreira, de 46 anos, também é exemplo de quem não quer ser pego desprevenido.
— Tenho seguro residencial, para carros, de vida e previdência privada — relata Mussoi, acrescentando que ele e a esposa possuem o seguro de vida.
— Nós temos o seguro de vida cruzado. Por quê? Porque temos a responsabilidade um com o outro economicamente e eu tenho quatro filhos. Temos que tentar, na falta de um dos dois, não os deixar em total desamparo.
A corretora de seguros Fabiana Maiato de Sousa Nascimento, de 46 anos, admite que o seguro de vida é um produto difícil de vender, mas que isso tem mudado.
— Normalmente as pessoas não ligam (para o seguro de vida). É a gente que conversa e fala sobre a importância de as pessoas se programarem para se alguma fatalidade acontecer, como vão ficar a famílias e as questões de renda — conta Fabiana.
O presidente do Sindicado das Seguradoras do Rio Grande do Sul (SindiSeg-RS), Guacir Bueno, projeta sequência de alta na procura pelo seguro de vida.
— Ele (seguro de vida) nos causa uma esperança de que o povo brasileiro esteja se conscientizando da importância de cuidar da nossa vida em razão dos nossos beneficiários — destaca.
Estagnado, seguro automotivo tem volume menor que o de vida
O presidente da CNSeg, Márcio Coriolano, chama a atenção sobre um fenômeno registrado em 2019 em relação ao seguro de vida.
— Os seguros de vida superaram recentemente o montante do volume de seguros de automóveis. Isso é muito importante, porque mostra uma mudança nas preferências do públicos, aproximando-se mais do que ocorre nos países desenvolvidos.
O seguro de automóvel no país, que sempre foi o carro-chefe do setor, ficou praticamente estável no primeiro semestre de 2019, com pequeno aumento de 0,1% na arrecadação, que chegou a R$ 20,6 bilhões nos primeiros sete meses do ano. No Rio Grande do Sul, houve queda de 1,9%, com arrecadação de R$ 1,5 bilhão.
Para Cariolano, a desaceleração do seguro de automóvel ocorreu por três motivos principais.
— Um é que a produção automobilística do país caiu. O segundo ponto é que a capacidade de renda da população também diminuiu. Terceiro porque os jovens têm dado mais atenção aos aplicativos para a mobilidade.
Coriolano faz questão de ressaltar, no entanto, que, apesar da queda, o seguro de automóvel representa 40% de tudo o que é segurado no Brasil.
Mudança na sociedade provoca redução do seguro
Ricardo Pansera é presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros do Rio Grande do Sul, o (Sincor-RS), e vice-presidente da Federação Nacional dos Corretores de Seguros Privados (Fenacor). Também reforça a mudança de cenário na sociedade em relação ao seguro de automóvel.
— Nosso Estado tem reduzido os índices de roubo de veículos. Temos também cada vez mais carros rastreados, o que aumenta o índice de recuperação. Há uma redução na venda dos veículos novos e uma diminuição na quantidade de veículos nas famílias. Também há o surgimento dos aplicativos. Esse fato de arrecadarmos menos volume é natural, mas seguimos com uma boa frota segurada no Rio Grande do Sul e no Brasil — observa Pansera.
Seguro de imóvel
Outro seguro que ganhou corpo em 2019 foi o patrimonial. Esse segmento inclui o seguro residencial, por exemplo. No Brasil, houve um crescimento de 12% na arrecadação do seguro patrimonial entre janeiro e julho, atingindo R$ 7,6 bilhões. No Rio Grande do Sul, o desempenho foi ainda melhor. Cresceu 27,8%, com arrecadação de R$ 538 milhões.
Para Ricardo Pansera, o preço baixo tem atraído os consumidores desse tipo de seguro.
— Os consumidores estão se conscientizando que é muito barato contar com essa segurança. Por um real por dia, já é possível segurar uma residência com toda a mobília. Ou seja, pessoas que nunca olharam para isso perceberam que é possível contar com o seguro residencial.
O vice-presidente do Sindiseg-RS, Adão Rubens Oliboni, segue na mesma linha de avaliação.
— Se você analisar que o seguro de automóvel, por exemplo, custa uma taxa média de cinco por cento em relação ao valor do veículo, o seguro residencial é muito mais barato que isso. Você tem um custo infinitamente menor.
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