Um mês e meio após a vitória de Jair Bolsonaro (PSL), ficou nítida a melhora do humor de empresários e consumidores, mas investidores colocaram pé no freio na euforia que marcou o período de meados de setembro até o segundo turno.
No mercado acionário, conhecido por antecipar os cenários da economia, o índice Ibovespa ficou praticamente de lado desde a vitória de Bolsonaro. Dados como vendas no varejo, ainda não oficiais, estão longe de empolgar.
Se a produção ainda patina, as vendas não deslancham e o desemprego segue alto, ao menos parece haver esperança para o futuro próximo. Depois da definição das eleições presidenciais, todos os principais índices de confiança que medem o humor de setores como indústria, comércio, construção civil e o ânimo dos consumidores, divulgados nos últimos dias, mostram que melhoraram as perspectivas.
O que já se sabe:
Banco Central (BC)
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Deve conquistar autonomia e ficar livre de interferência política. Pela proposta que tramita, não fica atrelado a nenhum ministério e a diretoria terá mandato de quatro anos, não coincidente com o do presidente da República.
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Reforma da Previdência
Deve ser fatiada. Primeiro, deve ser encaminhada a definição de idade mínima para aposentadoria. Desta forma, a aprovação no Congresso seria mais fácil. No futuro, a intenção é inserir o regime de capitalização (em que cada um paga por sua aposentadoria enquanto trabalha).
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Privatizações
O objetivo é privatizar o que não for considerado estratégico. Recentemente, Bolsonaro referiu a chance de vender ou extinguir a Infraero. Não serão vendidas áreas de geração da Eletrobras, exploração de petróleo da Petrobras, Caixa e Banco do Brasil.
O que ainda é dúvida
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Reforma tributária
O modelo de reforma tributária é desconhecido. O futuro superministro da Economia, Paulo Guedes, diz que pretende diminuir a carga tributária em 25% em 10 anos. Enquanto isso, durante a semana, projeto aprovado em comissão da Câmara substitui 10 tributos por dois novos — falta ir a plenário e Senado.
Direitos trabalhistas
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O presidente eleito já manifestou a intenção de aprofundar a reforma trabalhista. A intenção é flexibilizar a legislação, embora não esteja claro em quais pontos. Bolsonaro já se referiu ao artigo 7º da Constituição, que trata de férias e 13º salário. Outra ideia é criar a carteira de trabalho verde e amarela, em que o contrato individual prevalece sobre a CLT.
Gestão fiscal
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Uma das propostas de Guedes que mais geram ceticismo entre especialistas é zerar o déficit em um ano. O objetivo viria com redução das desonerações fiscais, corte de gastos, privatizações e recursos da cessão onerosa da Petrobras (R$ 50 bilhões). A previsão para o déficit primário de 2019 é de R$ 100 bilhões.