Em meio ao aumento da pressão dentro e fora do governo para que os grandes bancos reduzam as taxas de juros dos empréstimos bancários, o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, afirmou que não há "bala de prata" para resolver o problema do spread elevado no Brasil.
Segundo Portugal, os bancos já começaram o processo de redução dos spreads – que é a diferença entre o custo de captação do banco e o que ele cobra dos seus clientes nos empréstimos. O recuo nos spreads que estão presentes nas taxas de financiamento das empresas e pessoas físicas vai continuar, assegurou o presidente da Febraban.
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– Para o setor bancário é importante ter taxas bancárias menores – disse ele, ressaltando que os bancos vão trabalhar para atacar, com o Banco Central, os gargalos responsáveis pela spreads elevados.
Mas negou que os bancos estejam sofrendo pressão do governo para reduzir os spreads e ressaltou que o BC está tratando o assunto de forma "racional" para fazer o melhor diagnóstico do problema.
– Sem um bom diagnóstico, acabamos correndo o risco de se tomar os remédios errados – advertiu ele, lembrando a tentativa que foi feita durante o governo Dilma Rousseff, em 2012, quando a equipe econômica acionou os bancos públicos para pressionarem a queda dos spreads pelos bancos privados.
Essa é a primeira vez nos últimos anos que a Febraban expõe a sua avaliação detalhada sobre o problema. Na véspera do debate no BC sobre medidas para a redução do spread e do custo do crédito no Brasil, nesta terça-feira, o presidente da Febraban disse que o tema é "mal compreendido" no país. Ele procurou desconstruir a avaliação corrente de que a alta concentração bancária provoca baixa competição entre as instituições no sistema financeiro e, consequentemente, é responsável pelos spreads altos.
Em contraposição à crítica, Portugal disse que, embora a concentração seja realmente alta, há competição entres os bancos. Entre as principais razões para as taxas de spread altas, ele apontou o risco elevado dos bancos com inadimplência. Mas o problema maior, na sua avaliação, é a difícil recuperação do crédito no Brasil em comparação a outros países.