A desconfiança dos investidores com as contas públicas aliada a inflação alta e o juro elevado fizeram a economia brasileira encolher de tamanho em 2015. O Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos bens e serviços produzidos no país recuou 3,8% no ano passado.
Os dados foram divulgados na manhã desta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em valores correntes (em reais), a soma das riquezas produzidas no ano passado chegou a R$ 5,9 trilhões, e o PIB per capita (por pessoa) caiu 4,6% em relação a 2014 e ficou em R$ R$ 28.876.
Esse é o pior resultado desde 1990, quando a economia recuou 4,3%. Em 2014, de acordo com dados revisados, a economia havia ficado estagnada e avançado 0,1%. A previsão mais recente do Banco Central era que o PIB tivesse recuado 3,6%, diferente do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), chamado de "prévia do PIB", que estimava uma contração de 4,08% no ano passado.
O desempenho negativo da economia foi puxado pela indústria. O setor mostrou queda de 6,2%, influenciada pela retração de 7,6% em construção civil.
Os serviços recuaram 2,7%, primeira retração desde 1990. O resultado foi condicionado pela redução nos serviços de informação, atividades imobiliárias e transporte, entre outras. O comércio, que em 2014 já registrou taxa negativa, voltou a cair (-8,9%), influenciado pelo mercado atacadista, ligado ao desempenho da indústria.
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A única área que registrou aumento em 2015 foi a agropecuária, que subiu 1,8%. Esse resultado foi puxado pelas taxas positivas de soja (11,9%), ainda que a produção tenha desacelerado. Na contramão, caiu a produtividade do trigo (-13,4%)
Em relação ao terceiro trimestre de 2015, o PIB brasileiro de outubro a dezembro recuou 1,4%.
Investimento cai pelo sétimo trimestre consecutivo
Com a queda da produção interna e da importação de bens de capital (máquinas e equipamentos), os investimentos caíram 14,1% em 2015.
A despesa de consumo das famílias, que durante anos sustentou o crescimento da economia, também recuou 4%. A despesa do consumo do governo caiu no ano passado. Enquanto em 2014 (em relação a 2013), avançou 1,3%, ano passado recuou 1%.
Em 2015, a taxa de investimento foi de 18,2% do PIB, abaixo da registrada em 2014, de 19,7%. Foi a menor desde 2009, quando chegou a 19,2%. Já a taxa de poupança recuou 15,8% em 2014 para 14,4%.