Ainda está no ar na TV nacional um comercial que "apresenta" um biscoito aos brasileiros, o Oreo, conhecido e celebrado mundialmente. É um fenômeno de marketing, daqueles de designar produto pela marca e virar objeto de culto de consumidores. E com o negócio avaliado em quase US$ 20 bilhões feito pelo grupo brasileiro 3G e pelo multibilionário Warren Buffett, agora o mais famoso produto da Kraft Foods não só está à venda no Brasil, também tem dono brasileiro.
E tem mais: chocolates Lacta e Toblerone, biscoitos Trakinas, Ritz e Club Social _ são cerca de 60 marcas no total _ passam a ter controle de origem verde-amarela. Formado pelos sócios Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, o grupo 3G também é uma espécie de Oreo no meio corporativo: um ícone formado por trabalho duro, alta exigência de performance e um apetite aparentemente insaciável por crescimento. Além de tudo isso em comum, eles têm outra característica: perfil extremamente baixo. São discretos na forma e no conteúdo.
Logo depois de anunciado o negócio que cria o terceiro grupo de alimentos dos Estados Unidos e quinto maior do mundo, o sócio mais ilustre, Warren Buffett, foi para a televisão comentar sua participação na transação _ cerca de 16%. Do trio de brasileiros, porém, ainda se sabe pouco. Mas o suficiente: estarão no controle da empresa que une Heinz e Kraft Foods.
No auge de Eike Batista nas notícias e nos rankings de fortunas no país o estilo barulhento do homem que se arriscou no complicado universo do petróleo ofuscou a aura já brilhante, mas silenciosa, de Lemann. Eike foi associado à ascensão do Brasil no cenário mundial e sua queda contribuiu para arranhar a imagem do país no Exterior. Mas o avanço sólido, contínuo e aparentemente sem limites de Lemann, Telles e Sicupira mostra que nem só com histrionismo se faz negócios no Brasil. Ou, ao menos, DO Brasil. É um afago substantivo na autoestima nacional.