A história da Peccin nem sempre foi doce. A empresa que hoje exporta para cerca de 70 países começou em um porão. No começo, os produtos eram vendidos de porta em porta.
Hoje, depois de 57 anos, a fabricante de balas de Erechim, no norte do Estado, tem no mercado dos chocolates o caminho para um futuro saboroso, com foco na exportação.
O diretor-presidente, Dirceu Pezzin (ao chegar ao Brasil, vinda da Itália, a família foi registrada como Peccin, mas quando as novas gerações pediram dupla cidadania, substituíram pelo original Pezzin, sem modificar o nome da empresa), conta que, em 1956, o pai e um dos tios resolveram abandonar a propriedade da família no interior e abrir um negócio na cidade, sem capital algum. A família enfrentava dificuldades para sustentar os 11 filhos com a agricultura.
As primeiras balas foram feitas manualmente. Dois anos depois, em 1958, a empresa se mudou do porão para uma sede alugada.
- Primeiro, produziam balas. Depois, passaram também a fabricar rapaduras e bolachas - conta Pezzin.
Foi na pequena sede que o processo foi mecanizado. Os produtos eram vendidos aos motoristas de caminhão, que negociavam os doces no norte gaúcho e no oeste catarinense.
O grande passo para o crescimento, no entanto, só foi dado anos depois, em 1984, quando a segunda geração da família assumiu o comando e decidiu apostar somente nas balas.
- Éramos uma empresa que fazia balas, bolachas, rapaduras e até moía café. Mas não conseguíamos ser fortes em nada - lembra Pezzin.
Um ano depois, em 1985, a Peccin comprou a primeira máquina para produzir balas mastigáveis, líderes de venda no país até hoje. Em pouco tempo, a família dobrou a produção e mudou a distribuição:
- O entregador negociava o produto nos pontos de venda, então não sabíamos quando os clientes precisavam repor os estoques. Quando decidimos fazer a comercialização por pedidos, as vendas se multiplicaram.
Em 1991, a empresa decidiu mudar para uma sede maior. Com espaço, passou a exportar. Primeiro, para a Argentina e o Uruguai e, em 1999, com uma grande remessa para países da África, os doces conquistaram o mercado internacional. Em 2004, montou uma equipe própria de exportação.
- Sofremos para encontrar pessoas que falassem mais de duas línguas. Buscamos profissionais do setor calçadista - conta o presidente.
Sucesso no Brasil exigiu mais produção
As exportações da Peccin cresceram ano a ano, até que, em 2008, a empresa embarcou 35% da produção. Desde então, os produtos vendidos para fora do país perderam espaço para balas mais baratas. A estratégia foi, então, reduzir o volume.
- Passamos a exportar doces mais caros, como balas mastigáveis e com recheio líquido e chicletes com casquinha crocante. Isso segurou o faturamento com as exportações - explica o diretor-presidente, Dirceu Pezzin.
Para reverter o quadro, a Peccin decidiu se arriscar em um novo segmento: os chocolates. Em 2010, investiu R$ 5 milhões na importação de equipamentos da Áustria e criou o Trento, um chocolate cremoso com 38% de cacau na composição, que entrou no mercado em 2011. O sucesso do produto no país fez a empresa vender todas as caixas para clientes nacionais. Era preciso produzir mais para exportar. Este ano, foram investidos R$ 15 milhões em equipamentos para dobrar a fabricação do Trento e criar um novo chocolate, o Affetto.
- Hoje a empresa exporta cerca de 20% da produção, mas com os chocolates a nossa meta é voltar aos 35% em dois anos - relata Pezzin.
Perfil
Fundação: fevereiro de 1956
Localização: Erechim
Unidades: uma fábrica e dois centros de distribuição em Erechim e outro em Alagoas
Número de funcionários: 750
Descrição: fabricante de balas, pirulitos, chicletes e chocolates
Capacidade de produção: 4 mil toneladas por mês
Faturamento em 2012: R$ 124 milhões
Projeção de faturamento em 2013: R$ 135 milhões
Exportação: 70 países, nos cinco continentes
Principais compradores: Angola, Argentina, Bulgária, Bósnia, Canadá, Coreia do Sul, Estados Unidos e Itália