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Desde que um bando de malucos começou a transformar ideias em milhões de dólares no Vale do Silício, nos anos 1980, outras regiões do planeta tentam copiar a fórmula. No Brasil, já existem aglomerados de empresas identificadas por apelidos curiosos como Sururu Valley, em Alagoas, Praça do Silício, em São Paulo, e San Pedro Valley, em Minas Gerais. Porto Alegre também quer se firmar como um polo de startups no país. Vocação, a capital gaúcha tem, garantem empreendedores e integrantes da rede de apoio: aqui há profissionais de qualificação técnica e universidades de ponta. O desafio é aproximar a universidade do mercado e transformar conhecimento em negócios.
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Como nem todo empresário acredita apenas no potencial de uma ideia, a participação do governo para estimular iniciativas inovadoras tem papel fundamental. Foi a partir de um edital da Agência Brasileira de Inovação (Finep), por exemplo, que nasceu a GetWay Tecnologia. A startup gaúcha que atua com big data (armazenamento e interpretação de grandes volumes de informação) é referência no mercado. Entre as conquistas, está o prêmio de empresa mais inovadora da América Latina, em concurso promovido pela IBM no ano passado.
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Criada em 2009, a startup tem trajetória parecida com a de outras tantas iniciantes. Passou os primeiros anos apostando no desenvolvimento do produto antes de conseguir encontrar um investidor de peso para se dedicar à área comercial. Hoje, porém, já tem na carteira clientes como a Kimberly-Clark.
- Ganhamos outra dimensão quando encontramos investidores de porte. Ajudou a dar credibilidade à empresa e a conquistar clientes. Mas foi bem complicado. Via de regra, os empresários querem apostar em negócios que tenham real potencial de faturamento, e uma startup é, em essência, uma hipótese de negócio - conta Guilherme Masseroni, fundador da empresa.
Calcular quantas startups existem hoje no Brasil é missão difícil. Nem a Associação Brasileira de Startups arrisca um palpite. Alguns meses atrás, a estimativa era de que ao menos 10 mil estavam em funcionamento, a maioria no Sudeste. Mas como as empresas nascem e morrem a todo instante, levantamentos ficam desatualizados rapidamente. Essa característica dificulta até uma comparação entre cidades. Em Porto Alegre, não é diferente. Zero Hora identificou ao menos 42 startups ativas. Esse número, no entanto, pode ser maior. Fora da Capital, há ainda outros polos, como o Tecnosinos, em São Leopoldo.
Com o avanço do número de startups, cresce a importância das aceleradoras, instituições com papel até então pouco conhecido no país. Enquanto as incubadoras - que geralmente funcionam dentro de universidades - investem mais em desenvolvimento de produtos, as aceleradoras - em sua maioria privadas e independentes - apostam em transformar ideias em negócio. Uma delas é a Wow, que reúne três startups e pelo menos 48 investidores anjos (confira o ecossistema das startups na página 6).
-Não basta desenvolver o produto, tem de tornar viável o negócio. Nem tudo precisa de pesquisa para virar um bom negócio e nem todo produto com pesquisa consegue ser rentável - afirma o diretor Bruno Peroni.
Entre os especialistas no setor, há consenso de que a capital gaúcha tem vocação para inovar, mas o típico bairrismo gaúcho, motivo de orgulho para tantos, é prejudicial.
- Em outros Estados, a busca por parceiros de fora é mais espontânea. Aqui ocorre, mas em menor escala - diagnostica Diego Remus, sócio da Startupi, empresa com sede em São Paulo, que desde 2008 atua promovendo a interação entre projetos inovadores e investidores potenciais.
Outro entrave é o tradicional conservadorismo gaúcho. Não apenas dos investidores, mas também dos clientes.
- Às vezes, mesmo uma boa ideia pode não emplacar. Se o mercado não conseguir assimilar a proposta, o negócio falha. Já vi projetos bons que não funcionaram em Porto Alegre dar certo em outros lugares.
É a causa da maioria das mortes de empresas - explica Remus.