O Vale dos Vinhedos ingressou no seleto roteiro internacional do enoturismo, consolida-se como o segundo polo de visitação no Estado, mas promete não se render a empreendimentos que possam desfigurar o lugar, por mais lucrativos que possam ser. O tesouro são os parreirais das famílias.
Lançado em 1995 com a fundação da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), abrange Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul, com 31 vinícolas. O presidente da entidade, Juarez Valduga, afirma que a região cresceu, mas sem perder os domínios.
- O cuidado é dar continuidade à produção da uva. Queremos que o Vale dos Vinhedos seja um orgulho para os brasileiros - ressalta.
A preocupação é com o planejamento, a viabilidade das 450 propriedades onde se cultivam videiras, as quais remontam às origens da colonização italiana. Vinhos e espumantes conquistaram medalha de ouro e prata em torneios, na Europa e nos Estados Unidos. Em 2012, o local recebeu 248 mil turistas - quatro vezes mais que há 10 anos. Mas a estratégia é manter as raízes.
- Não queremos crescer por status, mas de acordo com a nossa realidade e princípios - diz Valduga.
No território do Vale dos Vinhedos convivem as vinícolas familiares, de produção limitada, e as empresas que disputam o mercado mundial de vinhos finos. Elaboram, em média, entre 12 milhões e 14 milhões de garrafas.
Outros municípios da Serra - a faixa que está abaixo, geograficamente, de Gramado, Canela e Nova Petrópolis - também apostam no turismo. Carlos Barbosa oferece a Festiqueijo, é parada para visitantes interessados em gastronomia e compras. Aberto ao público em 1978, o Varejo Tramontina recebe cerca de 250 mil pessoas por ano.
A cidade quer mais. A secretária da Indústria, Comércio e Turismo, Jéssica Dalcin Andrioli, conta que o potencial cultural está subaproveitado. Projetos reforçarão a estrutura e a divulgação.
Berço centenário do espumante, Garibaldi espera captar investimentos. A secretária de Turismo e Cultura, Ivane Fávero, diz que o município revigorou cinco rotas: a do espumante (com 20 vinícolas), a estrada do sabor (gastronomia e delícias coloniais), a arquitetura do olhar (casarões italianos), a religiosa (conventos e santuários) e a do comércio.
Por enquanto, a maioria dos visitantes fica menos de um dia em Garibaldi, suficiente para um passeio e a degustação de espumantes. Mas Ivane quer reter o turista por mais tempo, mostrando outras atrações e o quão aprazível é se hospedar numa cidade segura, hospitaleira e de culinária típica.
- Nossa capacidade de receber é maior que a procura, estamos qualificando nossos eventos - anuncia a secretária.
Na semana passada, Garibaldi lançou a Confraria do Espumante, para os que apreciam a bebida borbulhante. Na próxima Fenachamp, em outubro, vai brindar aos cem anos do primeiro espumante elaborado na cidade.