Os desafios do agronegócio para reforçar posicionamento, melhorar o diálogo com os consumidores e fortalecer a imagem do setor foram debatidos em evento na Expointer nesta quinta-feira (31). Consultores, professores e pesquisadores transitaram em temas como comunicação, conectividade, hábitos no campo e perfil dos homens e mulheres que atuam na agropecuária, além das percepções do consumidor sobre o segmento. O encontro foi realizado no formato de painéis individuais na Casa RBS, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. O evento é uma realização da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agro (ABMRA) e do Grupo RBS.
Na abertura do evento, o presidente da ABMRA, Ricardo Nicodemos, citou a importância da comunicação do agro com a população, percebida pela classe produtora. Segundo ele, pesquisa mostra que 71% dos produtores entendem que o agronegócio brasileiro precisa contar mais da sua história e falar sobre o seu futuro para ser valorizado pela população urbana. Nicodemos afirma que a entidade trabalha para fortalecer essa ponte por meio de serviços, como pesquisas:
— É isso que a gente tem feito, que construímos. Essa é uma das bases do nosso trabalho na ABMRA.
O dirigente afirma que a realização de bons diagnósticos é o melhor caminho para ser mais assertivo nos objetivos, conquistando e não convertendo as pessoas.
Marcelo Claudino, responsável pela área de negócios do Agro da S&P e líder da oitava pesquisa ABMRA Hábitos do Produtor Rural, apresentou uma série de detalhes sobre o levantamento. Entre os principais pontos, citou que o percentual de mulheres na gestão do campo está crescendo e que o produtor rural está ficando mais jovem. A questão da média de idade é um ponto de atenção, porque está ocorrendo uma diversidade de gerações no comando das propriedades, segundo o especialista. Por isso, é importante entender os hábitos desses gestores:
— São três gerações ao mesmo tempo tomando decisões. (...) Isso é um desafio. São três perfis, três pessoas diferentes na mesma propriedade.
Paulo Rovai, consultor de marketing, professor da ESPM e líder da pesquisa “Percepções sobre o Agro: o que pensa o brasileiro”, apresentou alguns pontos do material. O docente afirmou que um dos principais objetivos do estudo é mostrar como a percepção sobre determinado tema pode aumentar o potencial de crescimento. No agro, ele destaca que o setor tem de ter a noção de que é preciso conversar com o consumidor final, que são potenciais clientes, investidores e colaboradores:
— Uma questão importante é que as pessoas estejam dispostas a vir trabalhar no agronegócio, principalmente os jovens, que estão mais ligados à tecnologia. Vão fazer falta se resolverem trabalhar em outros segmentos.
A consultora de marketing e professora da ESPM Luciana Florêncio falou sobre o comportamento do consumidor e as tendências de consumo de alimentos. Entre os pontos centrais da apresentação, a consultora afirma que o consumidor brasileiro está mais aberto a mudanças de hábitos na comparação com o passado. Segundo ela, existe um problema de acesso a alimentos levando em conta a cesta básica e o salário mínimo no país. Outro ponto reforçado é que a população vive em um ambiente onde a alimentação mais equilibrada muitas vezes é substituída por uma dieta que conta com produtos processados por conveniência e preço mais baixo.
Luciana afirma que o vetor da sustentabilidade será cada vez mais importante na tomada de decisão do consumidor e que é preciso mudar o foco da commodity para agregação de valor.
No fim do evento, o presidente da ABMRA voltou ao palco para falar sobre o projeto Marca Agro do Brasil. Conectar toda a cadeia produtiva do agro, criar uma narrativa compreensível para toda a população, desconstruir mitos sobre o setor, estimular a empatia dos brasileiros pelos produtores e fortalecer a imagem do agro no país e no Exterior são os principais objetivos do projeto, segundo o presidente Ricardo Nicodemos.
— Nossa grande intenção é transformar o agro em uma paixão nacional. Esse é o nosso grande desafio — concluiu.