No fim de março, a taxa básica de juros, a Selic, passou de 6,75% para 6,5% ao ano — nível mais baixo desde 1986. Segundo especialistas, o aumento do crédito a empresas e pessoas físicas deve se acentuar nos próximos meses. E, neste ponto, mora o perigo. Será que as pessoas saberão lidar com mais oferta de crédito?
A avaliação é de que, mesmo caindo, os juros continuarão elevados ao consumidor. Ou seja, o risco de criar uma dívida impagável estará sempre presente. Veja como estar preparado para fazer um empréstimo ou financiamento.
Antes do crédito
- Antes do crédito, a vida financeira deve estar organizada com um orçamento doméstico. Isso é definir quais são as reais necessidades e planejar os gastos considerando a renda disponível — não a renda disponível mais o dinheiro que vier com o crédito. Significa ter gastos dentro do salário.
- Segundo a economista chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, só deve buscar crédito quem tiver dinheiro para pagá-lo no futuro. Isso foge da lógica que muita gente segue: buscar empréstimos, justamente, por não se ter o dinheiro que se precisa.
- O pulo do gato é fazer uma reserva financeira para eventuais gastos extras não previstos ou até planejar a compra. Pagar juros sem extrema necessidade não é um bom negócio. E fazer dívidas sempre traz risco de se ter o nome negativado, perdendo o aceso a crédito ou empréstimos.
- As taxas de juros são livres, sendo definidas pela própria instituição financeira. Não existe controle de preços. A única obrigatoriedade que o banco tem é informar ao cliente as taxas que serão cobradas.
Na hora de buscar crédito
- Quando da contratação de um financiamento, pesquise sempre a taxa de juros e demais acréscimos.
- Cobre do banco o Custo Efetivo Total (CET) da operação. Trata-se da taxa que considera todos os encargos incidentes no crédito.
- Evite empréstimos de longo prazo que embutem custos maiores.
- Fuja do rotativo do cartão de crédito e do cheque especial. Ambos têm as maiores taxas de juros do mercado.
- O cheque especial não é renda sua, deve ser utilizado por um período muito curto e emergencial. Se precisar usar esse limite por mais tempo, procure o banco e faça um empréstimo pessoal.
- Existem linhas de crédito mais baratas, como o microcrédito, que tem taxa de 2% ao mês, penhor na Caixa Federal e crédito consignado.
- Não deixe as dívidas crescerem por conta dos juros de mora e das multas. Procure logo o credor e proponha uma renegociação que consiga cumprir.
- Se possível, adie compras para juntar dinheiro e adquirir o mesmo item à vista, sem juros. Caso não seja possível, pesquise muito, barganhe e compre nos menores prazos possíveis. Quanto menor o prazo, menor a incidência de juros.
Para se livrar das dívidas
1 - Identifique todas as dívidas da família.
2 - Tendo dinheiro aplicado, resgate para usar nos pagamentos.
3 - Reduza as despesas mensais (comprometa a família nessa meta).
4 - Analise sua capacidade de pagamento para propor acordo aos credores (qual o valor mensal que posso pagar?). Renegocie algo que possa cumprir.
5 - Estabeleça prioridades. As despesas a se pagar ou renegociar primeiro são as de juros altos e as que geram penalidades como condomínio, luz, agua, telefone.
6 - Se possível, peça empréstimo mais barato para liquidar dívidas caras. Procure seu banco, o crédito pessoal é muito mais barato que o cheque especial.
7 - Mude os hábitos para não voltar à mesma situação. Basicamente, é não gastar mais do que se ganha, não usar o cheque especial e, muito menos, o rotativo do cartão de crédito.
Fontes: Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) e Banco Central