Se existe tempestade perfeita, é bem verdade que deve existir, também, bonança equivalente. Pois foi o que encontrou Jedson Calvi, em Encantado, depois de andar pelo mundo, empreender e trabalhar como chef na própria região. Com a chegada do Cristo Protetor e o consequente aumento da presença de turistas na cidade, percebeu que estava na hora de montar seu restaurante.
Em 2021, recebeu do pai o sítio que há mais de um século pertence à família – de frente para a nova atração. Era o sinal que faltava para convidar a irmã, Angélica, e começar uma nova história.
O Dona Chica fica no chamado Morro dos Calvi, em função da maciça presença da família na localidade. No cardápio, massas, filés e risotos, entre outras opções, com forte influência da gastronomia colonial. Os pratos contam com a assinatura do proprietário e chef, que acumula experiências nos Estados Unidos e no Japão, ao longo de quase 20 anos de carreira. Mas ele logo percebeu que precisaria de um suporte.
– Eu tinha experiência de chef de cozinha. Mas administrar restaurante, mídias sociais, contabilidade, isso tudo é com outras pessoas da família. O Sebrae RS nos deu esse norte, definindo o que cada um faz e ajudando a seguir uma linha de trabalho – conta.
Ele lembra que, no começo, a ideia era aproveitar a área da propriedade para construir, além do restaurante, algumas cabanas para hospedagem. Graças à orientação dos consultores do Sebrae RS, concordou que o ideal era consolidar a atuação do restaurante para, em um segundo momento, oferecer outros serviços.
– Os consultores explicaram que nenhum de nós havia trabalhado com isso na vida, mas tínhamos um chef experiente e conhecido na região, então era isso que precisava ser explorado. Também nos ajudaram em ferramentas de marketing, precificação, finanças e uma série de outras questões – lembra Calvi.
O analista de Articulação de Projetos do Sebrae RS Diego Zenkner conta que o Dona Chica chegou por meio do programa Cidade Empreendedora, desenvolvido em parceria com a administração municipal de Encantado. O objetivo era dar suporte para o turismo que começou a ganhar força na região a partir da construção do Cristo Protetor. A primeira rodada contou com 10 empresas – entre elas, a de Calvi.
– Junto com isso, lançamos o programa Qualifica Turismo, para ajudar também outras empresas em questões mais pontuais – conta Zenkner.
O analista orienta a quem está querendo abrir um negócio neste segmento, que procure por um Sebrae local e pelos consultores habilitados na área de turismo, que vão ajudar o empreendedor a escolher o caminho mais adequado e a se planejar.
– É o mais aconselhado, para abrir do jeito certo e não jogar dinheiro fora. Para quem está pensando em abrir uma empresa, nada melhor do que fazer um plano de negócio, para imaginar essa empresa no futuro, ver o quanto pode ter de lucro, quais são os custos e o perfil do turista que quer atender. É fundamental pensar isso tudo antes de abrir o negócio para minimizar os erros. Isso é um investimento do empresário – recomenda.
Zenkner conta que o Sebrae RS vinha trabalhando com o potencial turístico da região de Encantado desde 2016, mas foi na pandemia que se fez sobressair essa vocação. Com a impossibilidade de viajar longas distâncias ou estar em grandes grupos, as pessoas passaram a visitar lugares próximos e ligados à natureza.
Lembrando das visitas técnicas, o chef Calvi destaca que elas não foram meramente a passeio. Conhecer outros empreendedores, suas dificuldades, soluções e padrões de atendimento fez com que o grupo voltasse para Encantado com boas ideias.
– O Sebrae RS nos proporcionou tudo isso. Eu conheço dentro da cozinha. Saindo dali a gente tinha uma pequena noção, mas está dando muito certo. O Sebrae RS tinha sempre aquela mão amiga dizendo para parar, pensar e contar até 10. Nos ajudou a ir com calma, seguir uma linha e a confiar no projeto que estava sendo desenhado – conclui.