
Os cães e gatos, assim como os humanos, podem sofrer com o estresse devido a diversas situações do cotidiano. Mudanças no ambiente, falta de socialização, ausência do tutor, ruídos altos e até mesmo problemas de saúde são fatores que podem deixar os animais de estimação estressados.
“O estresse é uma reação biológica. Esse mecanismo, que é inerente ao instinto de sobrevivência, coloca o pet em estado de alerta, provocando alterações físicas e emocionais. Essas respostas incluem aumento da frequência cardíaca, respiração acelerada, tensão muscular e comportamentos de evitação ou até mesmo agressividade”, explica Marina Tiba, médica-veterinária gerente de produto da Unidade de Animais de Companhia da Ceva Saúde Animal.
Embora seja uma reação natural do organismo para lidar com situações de perigo ou desconforto, o estresse prolongado pode ser prejudicial à saúde física e emocional dos pets, causando problemas comportamentais, como agressividade, ansiedade e apatia, doenças gastrointestinais e até dermatites.
“O estresse ou a ansiedade causam aumento de cortisol e liberação de adrenalina, que podem estar associados à diminuição da imunidade, taquicardia, aumento da pressão arterial e alterações gastrointestinais”, explica Mariana Paraventi, veterinária e coordenadora de operações/franquias da Petland.
Por isso, é essencial conhecer os sinais do estresse e tomar as medidas para amenizar o problema. Veja a seguir!
1. Alterações no apetite
Uma das primeiras manifestações de estresse em cães e gatos é a mudança nos hábitos alimentares. A diminuição do apetite pode indicar que o animal está ansioso, deprimido ou passando por algum desconforto emocional. Já o aumento no consumo de alimentos pode ser uma maneira de buscar alívio ou compensação. Em ambos os casos, a variação no apetite pode levar a perda ou ganho de peso, afetando diretamente a saúde do pet.
2. Comportamento destrutivo
Animais que passam por situações de estresse frequentemente desenvolvem comportamentos destrutivos, como morder móveis, rasgar almofadas, arranhar portas e objetos ou cavar o chão sem motivo aparente. Esses comportamentos indicam que o pet está acumulando tensão e procurando uma maneira de liberar sua ansiedade. Além disso, a destruição pode ocorrer em momentos de ausência do tutor ou após mudanças na rotina.
3. Lambedura ou coceira excessiva
O estresse pode levar cães e gatos a se lamberem ou coçarem excessivamente, especialmente em regiões como patas, barriga e flancos. Essa atitude compulsiva é uma forma de aliviar a tensão emocional, mas pode resultar em lesões na pele, feridas abertas e queda de pelos, além de causar infecções secundárias.
“É muito comum o animal se coçar, lamber, mordiscar ou se esfregar. Pode ser que o cão esteja apenas se limpando, ou com um leve incômodo na pele. Se o tutor notar que esse hábito está acontecendo com mais frequência que o normal, é preciso ligar o alerta”, explica Adolfo Santos, médico-veterinário e docente do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Anhanguera.
4. Vocalização excessiva
Cães que latem ou uivam incessantemente e gatos que miam de forma exagerada e persistente podem estar passando por um período de estresse. A vocalização excessiva é um meio de expressar frustração, medo ou desconforto. Esse comportamento costuma ser mais intenso em situações de mudança, ausência do tutor ou exposição a estímulos intensos, como fogos de artifício e tempestades.
5. Isolamento
Animais que normalmente são sociáveis e interativos podem, sob estresse, buscar refúgio em locais isolados e evitar o contato com pessoas ou outros pets. Cães podem se esconder debaixo de móveis, enquanto gatos tendem a se recolher em locais altos ou escuros. Esse comportamento pode indicar que o animal não se sente seguro ou está sobrecarregado emocionalmente.

6. Alterações nos padrões de sono
O estresse pode influenciar significativamente os hábitos de sono dos animais. Alguns cães e gatos dormem mais do que o habitual, enquanto outros permanecem inquietos e têm dificuldades para relaxar. A insônia e o sono leve podem indicar que o animal está em estado de alerta constante, incapaz de se sentir seguro.
7. Necessidades em locais inadequados
Cães e gatos que começam a urinar ou defecar fora dos locais habituais podem estar manifestando estresse. Em gatos, a marcação urinária é uma forma de sinalizar insegurança ou desconforto com mudanças no ambiente. Já os cães podem apresentar episódios de incontinência ou descontrole, especialmente em momentos de pânico.
8. Agressividade repentina
Mudanças comportamentais que envolvem agressividade, como rosnar, morder ou arranhar, podem ser reflexo de um estado emocional abalado. O pet pode reagir de forma hostil a aproximações que antes eram aceitas, indicando medo ou sobrecarga emocional.
9. Queda excessiva de pelos
Embora a troca de pelos seja natural, a queda excessiva pode ser desencadeada por situações de estresse intenso. Isso é especialmente comum após eventos traumáticos ou mudanças significativas na rotina. O estresse prolongado pode interferir no ciclo de crescimento dos pelos, resultando em áreas de falhas e queda generalizada.
Como evitar o estresse em cães e gatos
A melhor maneira de evitar o estresse nos animais é proporcionar um ambiente seguro e previsível. Manter uma rotina bem estabelecida, oferecer atividades físicas e mentais e proporcionar momentos de interação afetuosa contribuem para o equilíbrio emocional dos pets. Garantir um ambiente enriquecido com brinquedos, arranhadores e esconderijos também é fundamental.
“O tutor deve compreender as particularidades do seu pet, adaptar o ambiente, a rotina e as interações para melhor atender às suas necessidades físicas e emocionais. Mas, no geral, as atividades estimulam e podem fazer uma grande diferença no bem-estar emocional do animal e fortalecer o vínculo entre tutor e pet”, explica Wagner Brandão, comportamentalista animal.
Além disso, é importante ficar atento às particularidades de cada pet, respeitando suas necessidades e limites. Caso os sinais de estresse persistam, buscar a orientação de um veterinário pode fazer toda a diferença para garantir o bem-estar do bichinho.