
A epilepsia é um distúrbio neurológico caracterizado por crises recorrentes, que podem afetar qualquer pessoa e em qualquer idade. Embora a doença tenha tratamento, muitas pessoas ainda enfrentam dificuldades no diagnóstico e na compreensão da condição, tanto pela população geral quanto por parte de familiares e até profissionais de saúde.
Em 26 de março celebra-se o Dia Mundial de Conscientização da Epilepsia, cujo objetivo é reduzir o estigma que envolve a doença, como explica o Dr. Mario Braga, neurocirurgião e professor do curso de Medicina da Faculdade Pitágoras.
“As crises epilépticas podem ser imprevisíveis e, em muitos casos, bastante dramáticas. Quando uma pessoa presencia uma crise, pode ficar assustada ou sem saber como reagir. Esse medo pode ser amplificado pela falta de conhecimento sobre como lidar com a situação”, esclarece.
As crises podem variar significativamente de pessoa para pessoa, dependendo do tipo e da gravidade. Embora o primeiro sinal mais comum de epilepsia sejam as crises convulsivas, existem diferentes tipos delas, e é importante estar atento aos sintomas.
Entre os principais sinais que podem apontar para crises de epilepsia, estão:
1. Crises tônicas-clônicas
Esse tipo de crise é o mais conhecido, caracterizado por perda de consciência e movimentos involuntários, como espasmos musculares, rigidez e tremores. A pessoa pode cair e, durante a crise, pode morder a língua ou ter dificuldade para respirar.
2. Crises de ausência
Frequentemente observadas em crianças, essas crises são breves e podem ser confundidas com distração. A pessoa pode parecer “desligada” por alguns segundos, sem resposta aos estímulos ao seu redor. Não há movimentos visíveis, mas a pessoa perde temporariamente o contato com o ambiente.
3. Crises parciais ou focais
Neste tipo de crise, a atividade elétrica anormal no cérebro afeta uma área específica. A pessoa pode apresentar sintomas como movimentos involuntários em um lado do corpo, sensações estranhas (como alucinações auditivas ou visuais) ou sensação de déjà-vu. O paciente pode também ter episódios de confusão após a crise.

4. Alterações no comportamento ou consciência
Em alguns casos, a pessoa pode não ter convulsões evidentes, mas pode apresentar alterações temporárias no comportamento ou na consciência, como perda de memória ou estados de confusão.
Como agir durante uma crise convulsiva
O Dr. Mario Braga explica que, durante as crises, é preciso manter a calma e garantir que a pessoa esteja segura, além de acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). “Não tente segurar a pessoa ou impedir seus movimentos, pois isso pode causar lesões. Coloque um objeto macio sob a cabeça da pessoa para protegê-la de contusões […]”, ensina.
Além disso, o médico ressalta a importância de não colocar nada na boca do paciente. “Embora muitas pessoas acreditem que é necessário colocar algo na boca para evitar mordidas na língua, isso pode ser perigoso. Caso a crise dure mais de 5 minutos ou a pessoa não recupere a consciência, procure ajuda médica imediatamente”, destaca.
Tratamento para a epilepsia
Embora não haja cura para a epilepsia, o tratamento adequado pode ajudar a controlar as crises e geralmente inclui medicamentos antiepilépticos, que ajudam a reduzir a frequência e a gravidade das crises. Além disso, em alguns casos, opções como cirurgia, dieta balanceada ou estimulação elétrica podem ser recomendadas. O acompanhamento médico contínuo é essencial para ajustar o tratamento conforme necessário.
Por Camila Souza Crepaldi