
Uma pesquisa realizada pelo Laboratório Think Olga divulgada nesta quarta-feira (30) mostrou que 45% das participantes afirmam ter diagnóstico de ansiedade, depressão ou algum outro tipo de transtorno mental. O estudo, que tem como pano de fundo o contexto pós-pandemia de covid-19, foi realizado entre os dias 12 e 26 de maio de 2023 e escutou 1.078 mulheres de todas as regiões do Brasil, entre 18 e 65 anos, com representatividade de classe e raça.
Intitulado "Esgotadas: o empobrecimento, a sobrecarga de cuidado e o sofrimento psíquico das mulheres", o relatório apontou que a ansiedade é o transtorno mais frequente entre elas, representando 35% dos diagnósticos. Atrás, estão a depressão, com 17%, e a síndrome do pânico, com 7%. Estresse, irritabilidade, sonolência, fadiga, baixa autoestima, insônia e tristeza estão entre os principais sentimentos observados por elas no dia a dia.
A pesquisa diz ainda que as mulheres, em sua maioria, estão insatisfeitas com suas vidas. As entrevistadas deveriam atribuir notas de 0 a 10 para oito áreas, que vão desde estilo de vida e trabalho até relações interpessoais. O âmbito das relações amorosas e familiares foi o que atingiu a nota mais elevada, com 3,2, o que significa que é o setor com maior nível de satisfação entre as participantes.
Por outro lado, a situação financeira e a capacidade de conciliar diferentes aspectos da vida foram os maiores índices de descontentamento registrados, atingindo as notas de 1,4 e de 2,2, respectivamente.
Nesse sentido, 46% das mulheres estão insatisfeitas com suas finanças, seja por conta da baixa remuneração, da sobrecarga profissional, da insatisfação com o trabalho, das dívidas ou do desemprego. Além disso, 86% delas consideram ter muita carga de responsabilidades, entre o emprego, as tarefas domésticas e o cuidado com os outros. A insatisfação entre mães solo e cuidadoras é superior em relação àquelas que não têm esse tipo de responsabilidade.
Para além dos problemas financeiros e da sobrecarga de trabalho e cuidado, a pressão estética e a violência de gênero são outros fatores que impõem sofrimento psíquico às mulheres, aponta a pesquisa.
A mostra também apontou que o sofrimento têm maiores índices quando questões de raça e classe são levadas em consideração. O adoecimento é maior entre mulheres pretas e pardas e entre as pertencentes da classe D e E, uma vez que são as mais pressionadas pelo desemprego, pela sobrecarga de tarefas e pela violência de gênero.