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Nunca gostei de caqui, apesar de jamais ter provado a fruta. Sei lá, não simpatizava com a cara daquela frutinha esquisita. Me lembrava tomate. E eu detestava tomate, apesar de nunca ter provado. Até que um belo dia eu provei tomate e fiquei amarradona nele. Sabe essas coisas que você nunca experimentou e mesmo assim já tem certeza que não gosta? Pois é, sou a rainha disso. A Rainha Do Não Gostar.
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Então eu resolvi provar o tal do caqui ontem na hora do almoço. Não sei direito o motivo, mas achei que era hora da gente se conhecer melhor. Me apaixonei. Cheguei a pensar que iria achar nojento ou algo do gênero, mas não. Foi amor à primeira dentada. Virei a maior fã de caqui do mundo.
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Essa história quase infantil me fez lembrar daquele monte de gente que já antipatizei sem ao menos tentar conhecer melhor. Não sei se você também é assim, mas volta e meia digo “não-gostei-da-Fulana”, “não-fui-com-a-cara-da-Beltrana”, “a-Fulaninha-tem-energia-estranha”, “me-sinto-mal-perto-de-sei-lá-quem”, “não-gosto-do-jeito-que-tal-pessoa-fala/anda/sorri/cumprimenta”. É, sou toda chata, toda preconceituosa, toda cheia de escudos e proteções e tantas outras coisas terríveis e assustadoras.
A verdade é que sem querer vamos nos armando e dizendo que isso é assim e aquilo é assado. Batemos o martelo e damos ordens para os nossos sentimentos e emoções que, frequentemente, se transformam. Vai dizer que você não tem uma amiga que, láááá no comecinho de tudo, não ia muito com a cara? Vai dizer que nunca aconteceu de, entre um gole e outro de clericot, você confessar “olha-no-começo-eu-te-achava-uma-metida”?
Essas coisas são mais comuns do que pensamos. Deve ser porque não damos uma chance para as segundas vezes e segundas impressões. E, também, porque estamos muito presas aos nossos julgamentos que, mesmo sem querer, ficam o tempo inteiro aparecendo nos nossos pensamentos diários.
Decidi que a partir de hoje vou tentar não ter mais esses pré-conceitos infundados. Muito obrigada pelo ensinamento, seu caqui.