A convite da Revista Donna, três mães abriram o coração e revelaram o que planejam fazer diferente em 2019 - pelos filhos, mas também por elas.
Uma quer se dedicar menos ao trabalho e ter mais tempo para as crianças; a segunda quer cuidar de si mesma para ser um exemplo de autoestima para a filha de oito anos; e a terceira quer assumir-se mais como mãe e menos como "amiga" da filha adolescente.
Talvez também esteja aí o seu desejo:
"Desacelerar é a palavra. Quando engravidei da minha primeira filha, trabalhava seis horas diárias. Aos seis meses de gestação, já estava com o quartinho pronto e me sentia feliz e tranquila. Há aproximadamente dois anos, abri meu negócio próprio na esperança de ficar mais tempo com ela. Mas acabou saindo ao contrário! Meu tempo foi consumido pelo trabalho, onde fico entre nove e dez horas por dia. Vejo minha filha quando acordo, quando busco na escola e à noite. Hoje, aos oito meses de gestação do meu segundo filho, decidi parar um pouco antes de 'enlouquecer'. Em 2019, no mesmo período em que esperamos a chegada do mano, minha filha inicia sua vida no Ensino Fundamental e sinto que preciso dar uma atenção especial para eles e para mim. Minha filha tem síndrome de Down, está super bem na pré-escola, faz fono semanalmente, mas gostaria de acompanhá-la em outras atividades. Coloquei meu negócio à venda mesmo com o coração apertado e vou viver esse momento um pouco. Sinto que não estava dando atenção necessária para nenhuma das partes, e, neste momento, a prioridade são as crianças".
Gabriela Rodrigues, 36 anos, proprietária de um salão de beleza, mãe de uma menina de cinco anos e grávida de oito meses
"Comecei uma mudança pessoal em 2018. Foi uma espécie de 'start' quando completei 40 anos, em outubro. Resolvi que ia me cuidar mais, me amar mais. Foi um ano intenso para mim: eu me separei do pai da minha filha, e as coisas mudaram. Agora, quero ser prioridade, para ser exemplo para a Lívia. Esse novo objetivo de vida refletiu na minha rotina. Emagreci cinco quilos, cuido da alimentação, estabeleci uma rotina de exercícios, saio com as amigas, me arrumo. E a Lívia tem percebido isso. Ela me olha e diz: 'Mãe, como tu está bonita'. E estou mais bonita porque estou me cuidando. Eu me sinto mais feliz, e a minha filha se sente mais feliz também. Quero que ela tenha isso como exemplo de vida."
Melissa Gass, 40 anos, jornalista, mãe de uma menina de oito anos
"Em 2018, principalmente agora no fim do ano, fiquei repensando meu papel de mãe. Fui mãe aos 25 anos, por muita insistência do meu marido na época, e, quando minha filha tinha seis meses, o pai dela resolveu ir viver com sua colega de trabalho, com quem está até agora. Tive que aprender a ser mãe e pai sozinha, porque, por mais que ele amasse a filha ou que ajudasse com um dinheirinho todo mês, estava longe de ser um pai presente. Criei minha filha como pude, trabalhando 12 horas por dia com crianças. Quando chegava em casa, estava cansada. Isso deve ter afetado a criação dela. Essa criança hoje se transformou em uma adolescente de 13 anos que até que não dá muito trabalho, mas vi que é muito mais fácil criar uma criança do que uma adolescente. Tem coisas para as quais eu não estava preparada. O primeiro namorico, a primeira recuperação na escola... Fiquei me culpando muito, achando que a vida toda fui mais irmã do que mãe da minha filha. Fiquei cheia de dúvidas. No ano que vem queria ser uma mãe de verdade, participar mais da vida dela, cobrar mais, conversar mais. Quando falo 'mãe de verdade' é porque acho que acabei tratando minha filha como uma irmãzinha e talvez quis suprir coisas sendo permissiva demais. Quero tomar as rédeas da situação. Quero que ela saiba que sou a mãe dela, que vou estar sempre apoiando, mas que não sou irmã nem amiguinha. Sou mãe e vou cobrar coisas que são para o seu bem."
Professora da Educação Infantil, 38 anos, mãe de uma adolescente de 13. O nome foi omitido a pedido da entrevistada.
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