Tudo que envolve o temor de se distanciar dos pais. Segue-se ainda medo de ruídos fortes, estranhamento de pessoas ou situações desconhecidas, ou ainda estranhem o pediatra. Nessa fase é comum que os pequenos comecem a se perceber, se reconhecer como pessoa, faz a criança se deparar emocionalmente com uma caminhada do desenvolvimento independente dos pais – e trilhar este caminho pode assustar um pouco, sim! O papel de pais, cuidadores e educadores para auxiliar no manejo destes temores residem no acompanhamento e compreensão, observando o comportamento da criança e procurando entendê-la. Podemos inserir nessa fase uma naninha ou um bichinho de pelúcia companheiro que servirá de conforto na hora do medo. O medo do escuro pode ser trabalhado pelas famílias com a criação de um ritual para o período de sono, acompanhando esse momento estando ao lado dos pequenos, podendo fazer leitura de histórias, uso de luzes noturnas suaves como mini-luminárias de led (comumente conectadas nas tomadas e com modelos variados de personagens infantis). Também vale ter um bichinho de pelúcia companheiro. É importante também que os pais evitem o uso de amedrontamentos do tipo “a bruxa, o velho do saco...” diante de situações comportamentais com as crianças, para evitar causar temores desnecessários - e incoerências: quando dizemos que bruxas não existem e que não há necessidade de temê-las não podemos ameaçar dizendo que ela virá pegar a criança caso ela não obedeça. A perda de alguém próximo pode dar origem a muitas dúvidas e anseios sobre a sua própria vida e a dos pais. Após o contacto com a morte, algumas crianças desenvolvem medos sobre determinados locais e circunstâncias que relacionam com esse acontecimento. Tenha paciência e compreensão, apoie, faça companhia, dê apoio, mantenha as rotinas, dedique mais tempo às atividades em conjunto e evite que a criança se sinta incompreendida, isolada e abandonada.
O medo faz parte da infância e de todo nosso processo nas demais fases da vida: tem um papel adaptativo na medida em que nos protege de possíveis ameaças e riscos à nossa sobrevivência. No entanto, é importante que estejamos atentos à intensidade e duração com que o medo se apresenta para podermos identificar se há necessidade de procurarmos ajuda profissional.
Veja as dicas da psicóloga Camila R. Lahm Vieira, assistente da coordenação do curso de Psicologia da Faccat, sobre os temores mais comuns entre as crianças e como ajudá-los a lidar com eles.
Bebês de até um ano
Como ajudar
De 1 a 3 anos
O medo do escuro e de dormir sozinho é bastante comum. Também os medos de tempestades (raios, trovões), monstros, do lobo mau, medo de criaturas fantasmagóricas ou mascaradas, de ruídos ou animais noturnos. A medida que a criança vai amadurecendo emocionalmente e que os pais e educadores vão lhes fornecendo o devido apoio estes medos vão sendo aplacados.
Como ajudar
Mais colunas da Vanessa
Entre 4 e 7 anos
Medo dos pais se divorciarem, de ser esquecido na escola, de personagens assustadores ou de se perder.
Como ajudar
Oriente a criança a não dar atenção a pessoas estranhas ou aceitar presentes de desconhecidos. Caso você perceba que vai atrasar para ir buscá-lo avise as professoras e peça para informarem o seu filho que chegará mais tarde ou que outra pessoa vai ir buscá-lo.
A partir dos 8 anos
Medo da própria morte e da perda/morte dos pais. Além do medo da rejeição social.
Como ajudar
Medos específicos
Podem, ainda, haver medos que estejam relacionados à experiências traumáticas vividas pela criança, por exemplo: ao ser mordida por um cão, a criança desenvolve temor por este animal. Esse medo envolve um manejo específico, pois está ligado a uma situação de realidade e não questões fantasiosas.
Como ajudar
Acompanhar as manifestações e sentimentos de medo associados a eventos ruins é um indicador importante para melhor lidar com este receio, impedindo que tragam sofrimento e prejuízos maiores como o estresse pós-traumático ou o estabelecimento de quadros de fobias.
É sempre importante lembrar que não se diz à criança que “não precisa ter medo...” ou “esse medo é bobo”, sendo necessário compreender os sentimentos expressos e relatos feitos, procurando lidar com seus dramas de forma respeitosa e próxima (o que pode parecer tolo para nós adultos tem uma dimensão diferente para os pequenos, representa um medo real). Os cuidadores precisam fornecer a segurança e acolhida necessárias para enfrentamento dos temores infantis, ajudando a encarar o medo e descobrindo juntos estratégias para não fugir – e não temer – este tema.
E quando se perceber que os medos possuem uma intensidade extrema, gerando sofrimento (mudanças no comportamento, no humor e desinteresse) e prejuízo à criança (isolamento, perda do contato social, no espaço escolar ou entre amigos em função dos medos) recomenda-se buscar auxílio de um profissional da área da psicologia buscando compreender e intervir neste quadro.
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