Amo descobrir tesouros menos óbvios – e a cidade de Rio Grande é um deles. É preciso aprender a enxergar sua história por meio de sua arquitetura de sutis e antigos contrastes.
Precisa escolher apenas um lugar para visitar? Vá até a Praça Xavier Ferreira e aprecie as esculturas do italiano radicado em Rio Grande Matteo Tonietti (1882-1960), produzidas com a ajuda do artista rio-grandino Érico Gobbi (1925-2009): os meninos de calça curta, boné e suspensório. Está lá também a primeira obra pública de Gobbi, O Jornaleiro, esculpida quando o autor tinha 14 anos.
Entre a praça e o antigo Porto de Rio Grande (ali é a Lagoa dos Patos), está o Mercado Público. Ao lado, a Doca do Peixe, um espaço aberto, com teto suspenso por colunas, oferece peixe fresco nos fins de semana – fui em um domingo cedo da manhã, mas já comprei o produto aos sábados. Um dos melhores preços de camarão no Estado está ali! O pitoresco canteiro em frente à doca foi retirado com a promessa da construção de um palco multicultural, o que nunca ocorreu.
Ao lado das docas, à esquerda, um grande prédio imponente guarda a Bibliotheca Rio-Grandense. Já caminhando para a direita, é possível admirar os detalhes da antiga Aduana, hoje Receita Federal. Junto dali fica o Museu da Cidade de Rio Grande. Infelizmente, fechado no domingo (alô, cidades, vamos manter os museus abertos nos fíndis!), mas com um interessante e valioso acervo.
A Doca guarda uma história carregada de dor: naquelas colunas, os homens e mulheres negros, escravizados, eram expostos e colocados à venda. Primeiro, eram retirados dos navios e, como mercadoria, eram acorrentados aos grilhões que, até poucos anos atrás, ainda estavam presos às colunas.
Respira fundo. É preciso conhecer e reconhecer todos os passos da nossa história. Principalmente para não cometer os maiores erros da humanidade ou esquecê-los.
Confira mais dicas no blog Roteiro da Sara